A MAGIA NA ANTIGUIDADE E MODERNIDADE PARTE IV


A Magia, cujos ensinamentos e princípios mais profundos são mantidos até hoje em segredo, é conhecida desde a mais alta antiguidade inclui a crença e prática ocultista com multiformatos ritualísticos.

Chegamos à parte IV de nossa Saga Mágica. Aqui, dissertarei sobre as prática mais comuns na cultura ocultista, incluindo as caracterizadas como mágicas-espiritualistas. Essas práticas, mantidas em segredo ou de posse unicamente de sacerdotes ou feiticeiros, outrora fenômenos insólitos, hoje podem ser consideradas como fenômenos parapsicológicos.

1. Rituais Mágicos

 Os rituais mágicos, desde os primórdios da humanidade são fundamentados em atos rituais. Além dos signos, amuletos iconográficos e objetais, o repertório verbal - evocação, é grandemente utilizado no aplacamento de iras, feitiços, encantamentos, etc.


 1.1 - Esses rituais mágicos podem ser expressados através de: 
Pedra Mágica
  • Palavras mágicas ( Ex.: ABRACADABRA, etc.)               Mantras e sons especiais (Ex.: AUM; OM; etc.)
  • Preces Mágicas
  • Cânticos Mágicos
  • Tambores; atabaques; etc.
  • Gestos (mudras, na Índia; gestos cabalísticos; etc.
  • Imposição de mãos (passes); sopros; magia magnética, etc.
  • Danças rituais (Tibetanas; hindus; dervixes; etc)
  • Desenhos e Figuras mágicas (Iconografia; pentagramas; signo de Salomão; mandalas, etc.)
Mistérios de Elêusis
  • Talismãs: amuletos; medalhas; pedras; pentáculos (placas de metal com escritos e símbolos mágicos), etc.
  • Óleos e Unguentos: fumigações; água benta; fogo; metais; uso de espadas; etc.

1.2 - Magias Especializadas

  • Cabalística ( emprego de letras hebraicas e desenhos da Cabalah)
  • Alquímica (magia química)
  • Aspagírica (magia medicamentosa)
  • Taumatúrgica (magia curativa especial)
  • Sexual (tantrismo, sufi, taoísta, satanismo crowlyano, O.T.O, etc. 
1.3 - Cerimônias Mágico-Religiosas

  • Mistérios: de Osíris; Elêusis; Órficos; Druídicos; Vudu; Umbanda; VRIL; etc.
  • Missas Negras (Da Vã Observância - mística medieval; de Vintras; de Guibourg; etc.
    Magia Sexual Parsi
De um modo geral pode dizer-se que as técnicas ritualísticas levam ao transe e à produção de fenômenos parapsicológicos. 

Não deve se confundir Magia com as chamadas “mágicas” dos ilusionistas e prestidigitadores, que empregam truques e jogos de mão, com fins de entretenimento e engano.

2 - A Segunda Fase da Magia


O descrédito em que caiu a Magia, levou-a no arrastão da onda materialista e racionalista, que teve seu ponto de partida com os Enciclopedistas do século XVIII. A essa fase de Descrédito, denominamos Segunda Fase da História da Magia.

A marca desta fase consiste na negação dos fenômenos e poderes mágicos. Tudo o que foi negado, foi transferido para o terreno da superstição, do ilusionismo, da fraude ou do exibicionismo. Essa foi a reação contra a absoluta credulidade anterior medieval, sancionada pela ciência, pela religião, pondo em dúvida a existência do diabo. O século XIX, dá nascimento à Terceira Fase do Conhecimento da Magia.

2.1 - Espiritualismo empírico

Criação: William Hope (1863 - 1933)
Data: c. 1920
Coleção: National Media Museum Collection


Em 1847, as batidas misteriosas das Irmãs Fox, em Hysdesville, nos E.U.A. marcaram a irrupção do surto espiritualista anglo-saxão1. Na França Hippolite Léon Denisard Rivail (Allan Kardec), inicia em 1857, com o “Livro dos Espíritos”, o movimento espírita no continente latino.

William Crookes abala o mundo científicos com suas observações efetuadas de 1871 a 1874, com os médiuns Daniel Dunglas Home e Florence Cook e em 1882, funda a Society for Psychical Research, com a qual toma expansão a pesquisa metapsíquica, atuante em nossos dias em muitos países.

Em 1875, Helena Petrovna Blavatsky e Coronel Henry Steel Olcott, fundam a Sociedade Teosófica, que tornou públicos muitos conhecimentos do antigo Ocultismo, mostrando que este, é na realidade, é o manejo de poderes latentes do homem e de forças ainda não bem conhecidas da natureza, até então, em segredo.

2.2 - As Escolas de Ocultismo Modernas 

Sociedade do Vril e Thulle - Ocultismo Nazista

Neste período, constituíram-se várias escolas ocultistas. Eliphas Levi reafirmou a Magia. Stanislas de Guaita e Péladan fundaram a Ordem dos Rosacruzes (R+C) modernos, e, seu discípulo Gerárd Encausse ( o “Papus”), discípulo de Saint Yves D’Alveydre, restaurou o Martinismo e a Alquimia, tendo fundado com Guaita, Barlet, Saint Yves, Sédir, Jolivett Castelott e outros, a “Sociedade Alquímica da França”, em 1887.

Missa Negra Catedral Francesa - Museu da Inquisição de Paris

Com seu “Tratado Elementar de Magia Prática” (publicado em português pela editora Pensamento em 1924), Encausse procurou feição moderna e científica à Magia. Entre os R+C mais recentes existe divisão de vários ramos: AMORC, Max Heindel, Transfiguracionismo, etc.), alguns magos modernos do século XX tais como Israel Regardie, Franz Bardon, W. E. Butler, Dion Fortune e outros fizeram nomes nesse meio. Entre este, destaca-se ainda os esoteristas e antroposofistas de Rudolf Steiner.

3 - O Ocultismo no Século XX

Quando falamos de Ocultismo , tocamos um terreno dúbio, obscuro, confuso pela sua própria origem e natureza. O século XX apresentou o Ocultismo como metafísico, mas pouco-a-pouco, foi-se orientando para uma tendência científica-positivista.

Podemos dizer que o Ocultismo é uma espécie de zona fronteiriça, onde certos fatos, que não são hoje mais que interrogações, possam, talvez amanhã, cruzar a fronteira e converterem-se em axiomas da ciência.

Mas o Ocultismo tem, na atualidade, diversas orientações e escolas atuantes. O próprio Ocultismo francês, “papusiano”, cindiu-se e criou tal confusão que, num inquérito do Journal Le Temps, em 1910, chegou a negá-lo.

Na ocasião, Michelet - editor na época - declarou que a palavra Ocultismo não tinha sentido; e. Fonsegrive (1930), que é uma “palavra mal formada” e, o termo “ciências ocultas”, contraditório em si, posto que “onde há ciência não há coisas ocultas, e onde há coisas ocultas, não há ciência”.

De uns tempos pra cá a situação parece piorar. Acobertam-se sobre o nome do Ocultismo, crenças sem fundamento, ideias místicas deformadas ou exageradas, crimes, mistificações, seitas e heresias cristãs, praticas de perversão sexual, sem contar, a sua associação com pessoas que abusam de drogas e certas psicoses.


Desta forma, o Ocultismo acabou adquirindo novamente o caráter (fama) de algo supersticioso, torvo, grotesco e imoral. Uma perseguição por parte dos moralistas e fundamentalistas reforçam essa fama.

Por outro lado, nessa terceira fase de investigação da História da Magia, e dos fenômenos ocultos, está bem caracterizado o reexame sério à luz dos conhecimentos científicos modernos, da Magia e da feitiçaria, tirando-lhes a aura sobrenatural ou de mistério, para dar-lhes uma formatação empírica, dentro do possível.
  [...]
Na quinta parte, e final de nosso Ensaio, retornaremos a esse tópico, citando vários nomes e exemplos da Magia na Modernidade e suas faculdades psicofísicas. Fique comigo!!!


  
Chris Viana 
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1  - “A sessão espírita” - senhoras e senhores vitorianos reunidos em torno de uma mesa para falar com espíritos através de um médium - é um clichê de inúmeros filmes e fotografias antigas.

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