A MAGIA NA ANTIGUIDADE E MODERNIDADE PARTE V


A Magia, cujos ensinamentos e princípios mais profundos são mantidos até hoje em segredo, é conhecida desde a mais alta antiguidade.

 

Chegamos ao final de nosso ensaio sobre a História da Magia. Nesse espaço, nossa provocação evoca um lugar para o conhecimento e alargamento de nossa cognição. No contexto da antropologia cultural e religiosa, não esgotamos o assunto, antes abrimos espaço para a discussão e complementação.Os ensinamentos da Magia da antiguidade se renovam nas pluri formas de Magias na Modernidade.

A MAGIA NA MODERNIDADE

Na década de 1950, os Doutores Bessemans e Hougardy, levaram a cabo uma cruzada Bélgica. Hougardy chegou a declarar em rede nacional que o "fenômeno" não passava de oportunismo, psicose desenfreada e perigo social. Em novembro de 1972, o parapsicólogo inglês Eric J. Dingwall apoiou  publicamente a opinião de Hougardy. 

Por outro lado, nessa terceira fase da Magia, os "fenômenos ocultos", perderam a aura de sobrenatural e passaram a ser explicados cientificamente. Alguns Magos Modernos, como Eliphas Levi alegava ter penetrado nos "Arcanos Mágicos":  "A Magia é a ciência exata e absoluta da Natureza e de suas Leis. Ela concilia a religião e a filosofia, com a fé e a razão. “ (História da Magia - O pensamento, 1924)



Apesar de ter sofrido muitas restrições, Eliphas Levi continuou sendo respeitados por muitos magos e estudiosos da Modernidade no que se refere aos seus estudos e pontuamentos sobre o empirismo das ciências ocultas.

Existe uma distinção mais modesta que de Levi, a qual consideramos ser mais assertiva: "Magia é uma arte especial, fundada sobre a existência de forças naturais, pouco ou mal conhecidas e ordinariamente subtraídas ao poder do homem. Conhecer essas forças, canalizá-las, orientá-las e, em certa medida, utilizá-las, tal é o objeto da arte mágica". (Chochood, 1949).

Ao que nos parece, existem forças ou poderes que são empregados para o Bem, para fins altruísticos (assim chamadas Magia Branca - dos Iniciados), ou para o Mal, para fins egoísticos ( Magia Negra, dos magos negros; baixa magia ou feitiçaria - aplicadas pelos feiticeiros ignorantes, mas possuidores de um conhecimento operacional; contudo,  caótico).

A Magia não é senão a aplicação de palavras, sons, símbolos, práticas rituais e outras, com a finalidade de provocar correspondências psicofísicas e assim fenômenos denominados mágicos. Por ser associada a cerimônias de tipo religioso, dirigida para um deus ou tendo em vista a  invocação ao diabo, o Satanismo ou mística diabólica.

As forças e poderes da Magia, estão hoje sendo reconhecidos como Faculdades ESP (Percepção Extra-Sensorial) ou PSI. São alguns exemplos dessa disposição:

1) Práticas Telepáticas naturais ou Cyber (AI);

2) Clarividência, que para a Sociedade R+C¹ pode ser de dois tipos de clarividência:

    a) Clarividência positiva, voluntária: Quando o indivíduo é capaz, à sua vontade, de ver e investigar os mundos internos, onde é senhor de si mesmo e sabe o que está fazendo. Este tipo de clarividência é desenvolvida através de uma vida pura e de serviço, e a pessoa precisa ser cuidadosamente treinada para saber usá-la, para que ela seja verdadeiramente eficaz e útil. 
  b) Clarividência involuntária, negativa - Quando as visões dos mundos internos são apresentadas a uma pessoa independente de sua vontade; ela vê o que lhe é dado ver e não pode, de maneira alguma, controlar esta visão. Esta clarividência é perigosa, deixando a pessoa aberta para ser dominada por entidades desencarnadas que, se puderem, fazem com que a vida da pessoa, neste mundo e no próximo, não lhe pertença inteiramente. 

3) Premonição pela Parapsicologia de Rhine, Duke e outros (EUA, a partir de 1927);

4) Fenômenos Psi-kappa: Psicocinese ou telecinesia, ou seja, suposto fenômeno ou capacidade de uma pessoa movimentar, manipular, abalar ou exercer força sobre um sistema físico sem interação física, apenas usando a mente. Engloba Levitação, Ectoplasmia e Materialização de objetos. Em África, 2014, na cidade de Luanda, pude presenciar a materialização de uma serpente no corpo de uma criança andando no epitélio torácico e saída de uma caixinha com feitiço de uma mulher, quando ministradas por mim. Em breve disponibilizarei o vídeo na Íntegra.

Esses seriam os principais que me motivam a usar este espaço para descrevê-los. Com a tecnologia e uso de alguns alcaloides potentes, é possível alcançar estados alternados da mente e práticas que despertam a curiosidade e atenção dos estudiosos.

Recentemente (2014), pesquisadores realizaram testes bem sucedidos de transmissão de mensagem entre os cérebros de pessoas distantes entre si a mais de oito mil quilômetros. Este foi o primeiro passos da ciência para transformar a telepatia em algo factível. O projeto é desenvolvido por estudiosos de três instituições afiliadas à Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard e tem se estendido a outras instituições no mundo todo.

Digamos de passagem que existem certos tipos de manifestações e práticas em que parecem intervir inteligências autônomas, que não aparecem especificamente humanas, que estão cercadas de profundo mistério e são dominadas pela Alta Magia, i.e., a Magia Pura.

O metapsiquista, a psicofísica, a  parapsicologia e a magia moderna procuram verificar a realidade do fenômeno, mesmo antes o inexplicável. Bouissom (1964), enquanto estudioso de fenômenos paranormais, ao estudar Rasputin²;as curas de Lourdes, a estigmatizada Neurath (Tereza Neuman), a insensibilidade às queimaduras dos feiticeiros, a resistência ao frio dos lamas tibetanos que praticam o Tummo³.

Sheraph Sammah - Tummo

Poderia ainda citar outros fenômenos, considerados pedra de escândalo para a ciência, tais como as levitações e possessões. Em relação a estas, em um próximo artigo dedicaremos a devida atenção. O fato é, tudo isso choca aos mais céticos. Podemos em síntese, distinguir três atitudes diante da Magia:

1 - A dos que a desconhecem, consideram-na sinônimo de bruxaria, feitiçaria, arte demoníaca e olham-na com supersticioso respeito;

2 - A dos céticos, racionalistas, que englobam sob rótulo de superstição, misticismo, charlatanismo, ilusionismo ou exibicionismo e negam todos os fenômenos. São esmagadora maioria e negam também aquilo que não conhecem e escudam-se sobre o manto da ciência;

3 - A dos espiritualistas modernos (teosofistas, metapsiquistas, espíritas, cabalistas, antroposofistas, ocultistas, rosa-cruzes, etc.), que reconhecem como ponto de partida, a existência dos fenômenos parapsicológicos, ainda não devidamente explicados, resultantes no homem e de leis ainda não conhecidas na natureza. Procuram estudar o mecanismo e a causa desses fenômenos, numa tentativa de enquadrá-los no conhecimento científico. Os magos, em particular, preocupam-se com a existência de seres inteligentes, não-humanos 
(elementais naturais e artificiais).

Em relação a atitude dos céticos, o Dr. Leuret (Chiron, 2012), faz a seguinte crítica: "É mais cômoda e fácil a atitude dos céticos. pois mais difícil é fazer reconhecer uma verdade do que descobri-la, mas difícil provar o milagre que fazê-lo".

Piaget (1989): "Contrariamente às opiniões do senso comum, é muito mais difícil constatar os fatos e analisá-los, do que refletir e deduzir".
Os fatos - verídicos, porém, extremamente raros - estiveram presentes em todos os tempos e continuam a se mostrar, apesar de muitas fraudes e charlatanismos como temos presenciados sem precedência, na modernidade, como nos casos de João de deus, Rubens Farias, Waldo Vieira, Pastor Cardoso, Edir Macedo, Valdomiro Santiago, etc., e tantos outros, que em "nome de deus" propagam sua farsa e convencem os mais  incautos.

Há, entretanto, casos presenciados por pessoas cultas e de bem ao longo da história e das crenças religiosas que atestam  fenômenos que se deram ante a numerosas pessoas, como no caso que citei em Luanda. Certa mulher, de uma tribo local, esteve presente em uma de nossas palestras. 

Segundo a Ministra Sandra Sungo, Esperança era nobre em sua aldeia, fora acometida por um trabalho de bruxaria por um inimigo tribal. Após ser tocada e ministrada por mim, Esperança, caiu no chão e de seu indicador direito saiu uma espécie de caixinha, contendo os grãos "mágicos" que a adoeceram com uma doença incomum. Um ano depois, Sandra, desembarcou no Brasil, trazendo um presente (oferenda) de gratidão de Esperança que estava completamente curada. Tudo isso pode ser presenciado e testificado pelo Ministério do Primeiro Amor, a qual presidi durante alguns anos. 

Neste mesmo dia e aldeia, trouxeram-me um menino de oito anos, de certa casta não Bakongo, surdo-mudo de nascença, com certos traços de autismo atípico. O menino estava como se congelado diante de nós. Seu olhar era frio e calculista, uma beirada de sorriso tentava ocupar lugar no rosto mirrado. Me agachei para alcançar sua altura quando percebi que ele desfocou o olhar.

Havia algo de frio e maligno naquela criança. Me aproximei ainda mais e toquei-lhe a fronte. Ele encolheu, sussurrou sibilicamente palavras intraduzíveis (não era mudo?), e depois se contorceu. Intuitivamente, toquei em seu tórax (com autorização da mãe), e algo começou a se mexer na epiderme. 

Não posso explicar o inexplicável, mas uma serpente do tamanho de um palmo saiu pela boca daquela criança. O mais incrível, foi que, um ano antes de embarcar para o continente Africano, uma mulher que frequentava nossa missão, ao ser apresentada a mim e equipe conversou conosco com vocábulos ofídicos. Mas essa história vou deixar pra outro artigo. Essa língua é passível de compreensão!

No século XVI, Carlos IX, rei da França, durante uma missa negra, em seu palácio, faz sacrificar um menino judeu, que havia feito primeira comunhão para fins ritualísticos. Cortaram a cabeça do menino e o rei, após as conjurações, fez mentalmente perguntas à cabeça decepada.

Com grande espanto dos presentes e terror do rei, a cabeça pronuncia as seguintes palavras:Vim partior ( lt.: a isto sou forçado!). O rei morreu dias depois. A macabra cena fora presenciada por cinco pessoas. As missas negras remontam aos Albigenses4, no século XII,que faziam uso de um ritual inverso ao da Igreja Romana.

Na Missa da Vã Observância, assim chamadas pelos Albis lia-se o Evangelho de São João, ao inverso: "E a carne se fez verbo"[...]. Essa missa era regida por Gilles de Retz, Carlos IX e Henrique III de França. 

As Tentações de santo Antão - Quadro de Bosh - Museu Nacional de Arte Antiga - Holanda

Na missa do Abade Guibourg, costumava haver um cadáver de criança morta durante a celebração. Esta simbolizava Cristo. Uma mulher nua era exposta durante o ritual, nua, em um altar, que ao final, tomava uma mistura composta de líquidos masculinos e femininos, sangue menstrual e farinha, que compunham a "Pasta Conjugatória".

Eugênia Vintras, que fundou a Igreja da Nova Jerusalém, fazia profecias, dizia-se encarnação de Elias e sacerdote da Ordem de Melquisedeque. Em suas missas tudo acontecia aos avessos do ritual católico, inclusive as hóstias eram servidas com sangue humano ou animal.

(vide:http//chrisviana.christhomesviana.com/2020/01/a-magia-na-antiguidade-e-modernidade_63.html)


Fraude ou Exibicionismo?

Tudo  muito possível no universo fantástico das crenças e do sobrenatural. Por exemplo, contra Vintras há acusações em aberto até nossos dias. Ele foi acusado inclusive de escroqueria. Mas por incrível que pareça, Stanilas de Guaita, o considerava um mago, apesar de ser seu adversário.

Na Normandia, França, mais precisamente na cidade de Cideville, de 26/11/1850 a 15/02/1851, o padre Tínel e dois órfãos, Gustavo, de 12 anos e Clemente, de 14, foram incomodados com golpes, levitações e uma série de fenômenos estranhos na Abadia.

Um dia, uma mão escura saiu da chaminé e esbofeteou um dos meninos que ficava com uma roseta vermelha no rosto, correu para fora ao ver a mão sair pela chaminé. 

Mais tarde, visualizou um indivíduo, posteriormente reconhecido como Thorel, feiticeiro local. Ao consultar um alfarrábio que mencionava que os espíritos temem ponta de ferro, o padre Tínel e seus confrades empunharam pontas de ferro e passaram a cutucar todas as partes, no momento em que o fenômeno se manifestava.

De repente, uma chama surgiu e se transformou em uma fumaça tão espessa, que foi preciso abrir as janelas para ela sair, nisso, uma voz fraca pediu-lhes perdão. No dia seguinte, Thorel apareceu com cicatrizes sangrentas no rosto e foi levado à delegacia. Um processo foi instaurado. Esse caso é retratado em todos os seus pormenores por Papus, em seu "Tratado de Magia Prática", e figura um enorme processo no cartório Cível de Cideville. 

Repercussão Astral ou Apometria

As primeiras experiências com a Repercussão Astral, ou como é conhecida atualmente, Apometria, foram realizadas no ocidente, por Albert de Rochas, Durville, Lancellim e Garret,  franceses, e tiveram seu ápice no século XIX.


Rochas, demonstrou na presença de dois médicos, um matemático e outros observadores, um experimento com uma máquina fotográfica polaroide e uma pessoa sensitiva em estado de sono. Tirou uma foto do paciente, pegou um alfinete e arranhou a mão da imagem com o alfinete. Fenomenicamente, são observados os arranhões no paciente, conforme as feitas na fotografia.

Lancelin, através da auto-hipnose, entrava em estado de transe, mas conservava sua capacidade de auto-observação, ou melhor,  mantinha o corpo inanimado, porém, com a consciência preservada, no duplicado etéreo. 
Cientificamente foi testado e revelou-se portador de sensibilidade e energia motriz. O corpo etéreo  de Lancelin apresentou-se mais definidamente e mais nitidamente do que os produzido por De Rochas 5 .

A Experiência de Dion Fortune

Dion fortune, psicanalista e ocultista inglesa, em seu livro: "PSYCHC SELF - DEFENSE", em português: "Auto Defesa Psíquica", Volume 1,publicado pela Editora Pensamento em 1982, conta um caso de um rapaz vampirizado por um mago negro, o qual precisava de sangue humano, para manter-se post mortem, em seu duplicado etéreo. Foi a utilização de um ritual mágico que libertou esse jovem.

Em um experimento próprio, Fortune deitou-se sobre forte estado emocional com pensamentos em lobos de estepes. Tinha a faculdade psíquica de mentalização muito desenvolvida, e a associação mental com os lobos, permitiu o acesso a mecanismos inconscientes e involuntários, permitindo que ao lado se sua cama, surgisse um grande cão materializado.

Ao perceber que o cão era resultante de uma formação mental, reagiu e empurrou-o para fora da cama. O cão ao tocar no solo, transformou-se em um cachorrinho, que fugiu pela janela. Depois desse episódio, Fortune recorreu a seu mestre para que este lhe ajudasse a atrair  e "absorver" esse cão astral, experiência a qual, ela considerava bastante dolorosa devido às contingentes: pelo, cheiro, conteúdo emocional de raiva, etc. [...]

Até aqui, podemos dizer que caímos no campo do absurdo, do incrível e do fantástico! Falamos de licantropos, missa negras, crianças bruxas voando em palito de fósforos, serpente saindo de criança, caixinha de fósforo com grãos saindo de indicadores, etc. 

Alguns certamente julgarão sem valor todo nosso trabalho. Outros se sentirão acolhidos ou maravilhados. Fato que tudo isso, por mais real ou absurdo, não intenciona credo e muito menos convencimento. Desde o início afirmei minha provocação. Insisto!

Em mais de 20 anos de pesquisa, eu tenho me deparado com experiencias incríveis! Algumas requerem de mim muito tempo e disposição para raciocinar. Sou considerada por alguns uma Apateísta, ou seja, um neologismo filosófico, para rotular uma estudiosa cheia de empirismo, mas cética em muitos aspectos. O paradoxismo é proposital.

Eu mesma já presenciei com minha equipe, na cidade de Linhares-ES, em 2015, uma transformação licantrópica em uma criança, depois da mãe bruxa ( que vivia em incesto com a criança) se converter. Fizemos um fogueira para destruir os objetos de bruxaria, e naquele dias, o céu claro e estrelado de uma noite de inverno, escureceu e movimentou-se de forma tão assustadora, que alguns membros, saíram de perto. O preço pago por esta libertação foi altíssimo.

Logo após, tocamos com a vara no Rio Doce, e suas águas ficaram vermelhas. Todos conhecem a tragédia de perto. Temos o caso da menina que fugia da barriga da mãe todas as noites e comia a comida da panela e depois voltava para o ventre, das possessões com moscas e ressurreição do Danilo em Alegre-ES, no ano 2003, etc. Não teria espaço para tantos feitos e experiências. 

Alguns poderiam alegar que estamos em pleno domínio da Magia e manejo de elementais naturais e artificiais. Naturalmente que na investigação e na análise desse fenômenos, é muito difícil saber até que ponto são capazes de evoluir. Não podemos julgar racionalmente a todos. seria como anular nossa experiência. Não damos conta de explicar os nosso, por isso não nos fechamos aos demais. 

Reconhecemos que é muito difícil separar experiências fenomenológicas de fabulações, imaginações, psicoses, delírio alucinatório, e inclusive, crenças absurdas e irracionais. È muito comum a mistura de dons espirituais, paranormais e parafrenias.

Sem contar que temos a fabulação histérica que pode ocasionar as mais curiosas e estranhas formas de comportamento. Em Paris, até recentemente, antes da reforma psiquiátrica, existiam casos constantes de internados, para engrupir os médicos, jogarem soda cáustica nos braços, para simularem uma necrose. Um paciente histérico, ainda hoje é capaz de fingir e enganar pela sugestibilidade, tais como as feiticeiras do século XVI.

Finalmente, Levi Strauss (Porto, 2002), num estudo muito bem feito sobre Magia e Religião, mostra que certas práticas mágicas são eficazes, porque nelas há:

- A crença do bruxo em na eficácia de suas técnicas;
- A crença do doente que ele cura ou persegue;
- A confiança e as exigências da opinião coletiva, que formam uma espécie de campo de gravitação, no seio do qual se definem as relações entre feiticeiro e aquele a quem ele enfeitiçou.

Strauss revela que a influência mágica do simbolismo, a ab-reação ou libertação catártica, as ressonâncias afetivas do pensamento patológico, etc., estão associadas de alguma forma. Jung demonstra isso através do Livro "O Homem e seus Símbolos". 

Podemos concluir que tudo isso constitui um sistema de referências de emoções e representações simbólicas significativas, capazes de exercerem um efeito instrumental extraordinário, muitas vezes.

Se juntarmos, na prática da feitiçaria (e/ou bruxaria), a estranha mistura de pantomima, prestidigitação e conhecimentos empíricos, a arte de fingir o transe, a simulação de crises nervosas, o aprendizado de cantos mágicos, técnicas de regurgitação, utilidade espiã que levarão os feiticeiros informações preciosas, e ter-se-á a ideia de como agem muitos pretensos encantamentos ou do poder misterioso dos pseudo-magos.

Estudos etnológicos, mostram que além dos chefes, que são considerados indivíduos superdotados, os xamãs, pagés, chefes tribais primitivos, muito provavelmente possuem poderes paranormais, causadores de efeitos fora do comum e ao longo de suas práticas, são enriquecidos ou reforçados pela cultura com práticas mistificadoras.

Existe uma relação entre o empirismo dos xamãs, videntes, feiticeiros, etc., com seus tipos de personalidade. Em grande maioria, estão relacionados ao construto social e contexto do seu desenvolvimento humano, e ainda, em alguns casos, relacionados a alguma experiência traumática ou fenomenológica, durante a infância e/ou adolescência.

Frans Boas e Levy Strauss, em observação de uma tribo canadense em Vancouver, percebeu que certo membro; Quelisad; não acreditava nos feiticeiros, e procurava de todas as formas desacreditá-los, alegando ser truques os atos mágicos. Ele conta que descobriu que certo feiticeiro, escondia na boca um tufo de penugem, e depois de morder a língua ocultamente, regurgitava a penugem manchada de sangue, alegando expelir o mal.

Um estudo do ritual dos Cunas do Panamá, Strauss mostrou que a utilização de imagens sagradas e do ritual, no qual figuram cenas simbólicas de significado mítico, mágico ou sexual, ou de simbolismos que representam os problemas inconscientes, produzem profundas repercussões psicofisiológicas.

Com o ritual repetitivo, o som e o manejo do simbolismo, vai-se passando da realidade da doença, do universo físico, para o universo fisiológico ou psicológico, i.e., o inconsciente. O sistema referenciado baseado numa fé sem dúvidas, produz ab-reações e mobiliza emoções capazes de efetuarem reações psicofisiológicas que realmente não se dão.

Os discursos simbólicos do xamã, abalam barreiras do inconsciente e produzem modificações orgânicas, mas isso apenas, quando o doente acredita no mito e o vive intensamente. Ao cético, a promoção de uma possível cura, não é acessada por esse meio.

O mito, que diz respeito a acontecimentos passados, forma uma estrutura permanente que se relaciona simultaneamente com o presente, passado e futuro, o seu simbolismo atinge o inconsciente, que é o dínamo da paranormalidade. Desta forma, concluímos que este último fator, tem passado despercebido aos que não conhecem ou não acreditam na fenomenologia parapsicológica, pois esta tem atuado nos resultados extraordinários: curas e efeitos paranormais.

Chegamos ao final de nosso ensaio. Obrigada por ter nos acompanhado até aqui. Gostaria de saber o que pensa sobre a Magia, e, se houver, alguma experiência relevante à nossa pesquisa, não hesite em compartilhá-la. Você poderá fazê-lo por e-mail: chrisspas@gmail.com, ou pelo link de comentários logo abaixo do post.
 


Próximo Post: "Possessão Demoníaca na Antiguidade e Modernidade - Psicopatologia ou Fenômenos Parapsicológicos?"

Espero vocês!

Chris Viana
Copyright©2005-2020

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¹ - Disponível em: http://www.christianrosenkreuz.org 
² - Grigoriy Yefimovich Rasputin nasceu em Pokrovskoye, na Sibéria, em 1869, foi um místico russo, e autoproclamado homem santo que se aproximou da família do czar Nicolau II e tornou-se uma figura politicamente influente no final do período imperial.
³ - Prática Tântrica - Tummo é encontrado nos textos Mahasiddha Krishnacarya e os Hevajra Tantra desenvolvidos em torno do conceito da divindade feminina.
4 - Os Albigenses foramconsiderado uma heresia medieval que se desenvolveu, principalmente, no sul da França e partes da Itália a partir do século XII. Foi um dos maiores movimentos heréticos da Baixa Idade Média e levou a Igreja Católica a convocar uma Cruzada para conter o seu crescimento. Seu nome vem de uma cidade Francesa chamada Albi. Eram conhecidos também como cátaros.
5 - Weiss, Adolph, La Esfinge Desvelada. Editorial Claridad, Buenos Aires, 2012.

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