As Vias do Ser na Singularidade
SER E SINGULARIDADE
Ser é existir?
Todo ente existente é ser?
Que é ser afinal?
Para Heidegger, ser é ser do Dasein!
O Dasein expressa o homem na sua existência que, desde o princípio se pergunta pelo sentido do ser e não deixa se seduzir pela simples presença.
Dasein, busca ocupar-se com as questões intramudanas, suas aberturas e possibilidades.
Nesta introdução, viajemos no tempo em uma reflexão, com o mestre da Floresta Negra.
O video está em alemão, mas a legenda por si só, esta na observação. Mergulhemos nas vias do Ser em Heidegger
COMO APROPRIAR-SE DO SER EM MEIO AS OCUPAÇÕES DA COTIDIANEIDADE?
O Dasein do ser do homem consiste em ter plena conscência de si mesmo e do seu papel transformador nas relações consigo, com o outro e com o mundo.
Um ser que transforma e é transformado nessa relação. No exercício de sua natureza humana se apresenta nos aspectos da integridade e singularidade.
COMO APROPRIAR-SE DA COMPREENSÃO DO DASEIEN SEM CAIR NA IMPESSOALIDADE DE SUA PRÓPRIA EXISTÊNCIA?
O Eu do Dasein descreve um relação onde a preocupação com o outro não é aniquilada na singularidade. Esse questionamento é pertinente desafiador.
O modo da singularidade percorre as vias do ser, mas precisa ser “apropriado”, revela o filósofo alemão, Martin Heidegger, autor da maior obra do século XX: “Ser e Tempo”.
Para melhor elucidar essas provocações, vamos primeiramente compreender os elementos básicos do pensamento de nosso filósofo.
BREVE BIOGRAFIA DE HEIDEGGER
Martin Heidegger nasceu em 26 de setembro de 1889, Messkirch, Alemanha.
Cursou teologia e filosofia. Foi colaborador de Husserl, criador da Fenomenologia, ao qual nutriu amizade e afeto.
Publicou Ser e Tempo em 1927, em 1928 se tornou professor titular na Universidade de Friburg.
Em 1933 tornou-se reitor dessa mesma universidade.
Em 1934, demitiu-se de suas funções acadêmicas em razão de sua recusa de oprimir os opositores do Partido Nazista.
Em 1945, foi impedido de lecionar pelas autoridades francesas da ocupação pós-guerra. Heidegger morreu faleceu em 26 de maio de 1976, ano da publicação do primeiro volume das Gesantaugaste – suas obras completas.
A FENOMENOLOGIA HEIDEGGERIANA
A Fenomenologia é um método de investigação do ser dos entes, que muitas vezes encoberto é distorcido, velado. Imerso no esquecimento ou na ausência do seu sentido.
A base da apreensão do sentido do ser está na fenomenologia. Para esta, o ser está sempre numa situação.
Está lançado nela e em relação ativa com ela. Logo, o homem não pode ser reduzido à simples objeto, pois seu modo-de-ser é a existência que, por sua vez, é essencialmente transcendência.
O homem passa a ser compreendido como alguém que está no mundo e envolvido nele. Ele não é um mero expectador, mas um indivíduo é afetado e, afeta o seu redor.
Estar no mundo é cuidar das coisas que acontecem aos seus projetos e isso tem a ver com uma realidade alinhada para a sua vida e para as suas ações.
Desde Platão, o homem é conduzido a pensar “dentro de estruturas estáveis” em detrimento da liberdade do pensar e do viver. Essa condicionalidade acarreta o esquecimento do ser, de modo especial, o ser do Dasein.
Ao esquecermos-nos do ser, condicionamo-nos a uma subjetividade individual controlada, manipulada a crer que a “verdade pré-disposta” é a “verdade” a ser compreendida.
Mas, Que é verdade?
Enquanto subjetividade dominadora, a sociedade revela o homem como marcadamente individualista, dominador e niilista – esta passa então a ser a medida de todas as coisas.
Na intenção de solucionar essa situação emblemática, Heidegger propõe um “retorno ao ser do Dasein”, isto é, o homem ao encontro de si tal qual sua própria existência.
Se não existe um sujeito sem um mundo, o homem é ser-com-o-mundo e se revela nas relações cotidianas.
Para que isso ocorra, é preciso intenção para se lançar nas possibilidades, seja para se subtrair aos cuidados dos outros, o que consistiria numa forma inautêntica da coexistência; seja na intenção de auxiliar os outros a conquistar a liberdade de assumir seus próprios cuidados e imergir de forma autêntica no coexistir.
Nesse segundo plano, nos situamos. Nossa intenção através desse diálogo se pauta na “hermenêutica do ser”, que é capaz apenas na linguagem.
A linguagem é a forma de comunicação humana, capaz de manipular a realidade. Consiste no “desvelamento do sentido do ser”.
Falar disso é fácil. Difícil atualmente é utilizar uma linguagem que legitime como “lugar onde o sentido do ser se mostra...”.
Um caminho necessário para nosso encontro com o mundo tal como ele é.
A linguagem favorece o espírito das relações mais apuradas e o homem pode, a partir dela, tornar-se sujeito autônomo e flexível com a realidade. Capaz de se compreender e compreender o outro.
Sendo o homem substância consistem em sua corporeidade mundana corpo e alma. Sua espiritualidade se desenvolve nesses aspectos.
Enquanto um modo-de-ser-no-mundo, o homem caracteriza-se por uma relação consigo mesmo que é de imediato com o ser.
Nossa compreensão primeira do que é ser, pauta-se na sua condição de estar inserido no mundo. Ou seja, é de sua troca de vivências (passado, presente e futuro) que o Dasein retira seu concernimento existêncial.
Isso não se limita à soma das realidades momentâneas que se sucedem em uma ordem, pois o nascimento e a morte não nos são dados, o que impossibilita sua compreensão enquanto moldura que segura à vida dentro de uma espécie de corpo individual.
O ser é história. Nós somos a nossa história. Essa história é temporal e justamente assumida pela condição e autenticidade que o Dasein pudera lutar contra a inconstância de sua impessoalidade.
O Dasein é instante para a história. Não é ou está dado num espaço, pois não preenche um canto, um pedaço. O Dasein tem seu próprio lugar, se projeta nas coordenadas sentidas do mundo e sua compreensão deste mundo.
VIAS DA AUTENTICIDADE – SINGULARIDADE
A impessoalidade é uma “busca de si modificada – sensível ao mundo, afetada pelas emoções. A singularidade é a compreensão do passado a partir do presente, enquanto instante que antecipa e repete, desatualiza o hoje e os hábitos pessoais.
No tear uma história, o indivíduo implica-se pela clareira e escuridão. Há uma sedimentação de possibilidade que perfazem uma espécie de história particular, embora que sempre lançada na direção de futuros abismos.
Até a mesmice é dada ao esticamento. Caminhamos sempre na direção de... [daquilo que compreendemos].
Nisso consiste a singularidade: não de um condicionamento operante ou mera replicação da mesmidade. A singularidade é a própria relação originária de mundo: “como eu me coloco diante das coisas?”.
E, à medida que o mundo se dispôs como abrigo ao redor dos lugares que habitamos, passam a compartilhar essas experiências.
Não somos um modo parado no tempo. Não somos meras camadas de uma história banal. Não nos basta pensar em recuperar um passado ou estágio, qualidades esquecidas ou não trabalhadas.
Em nossa corporeidade nada é fixo no corpo, mas a experiência de nós mesmos, de mim. Não apenas minha “percepção ou consciência” – resultado dos sentidos, mas, o que vejo, sinto, toco, ouço – isso é o que é manifestado no espaço que eu percebo e articulo. A maneira aberta, porosa, sensível do meu eu que habito.
Como compreender esse “eu” como uma medicação de dentro para fora, permite-nos acessar com mais profundidade as camadas do nosso existir. Esse processo de interioridade permite um adentrar nas relações intramundanas no si e no si mesmo, entre mim e mim - mesmo, neste espaço pensamos em toda criação, como mera marca.
Esse lugar conquistado em si mesmo é a apropriação de sua singularidade que permite o esticamento existêncial.
Essa singularidade conquistada é uma articulação existencial intrínseca por um modo sensível ao que lhe acontece.
Singularidade é acesso ao “Eu sou”. É experienciar-se no horizonte do ser às coisas mesmas que se revelam na cotidianidade.
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=wTeDSYLDUhE
Com Vocês, sempre.
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