Primeiro Seminário Regional de Prevenção às Drogas na Educação é realizado na cidade de Linhares-ES, nesta quinta (31/10)
Primeiro Seminário Regional de Prevenção às Drogas na Educação é realizado na cidade de Linhares-ES, nesta quinta (31/10)
Por Christianne Thomes
Em meio aos embalos do Halloween, do dia nacional do Saci e tantas outras peripécias distrativas, nesta última quinta-feira (31/10/2013), a cidade de Linhares, cerca de 100 km, da capital capixaba, ousou abrir as portas da UAB-Universidade Aberta do Brasil, para o I Seminário Regional de Prevenção às Drogas na Educação, contando com a participação de educadores, profissionais liberais, órgãos não-governamentais, psicólogos e alguns políticos.
A mesa redonda, contou com a participação das autoridades locais, tais como os juízes Dr° Fábio Luiz Massariol (Juiz de Direito da comarca de Linhares), Dr° Carlos Madeira Abad (Juiz da Primeira vara da Infância e da Juventude de Linhares), Capitão da Polícia Militar Ricardo Nunes, a Pedagoga Ilza Scofild, além das Representantes CEPAD-UFES.
O Tema abordado foi: "Drogas: o que é possível fazer?"
Dando abertura ao debate, o Ex° Juiz Fábio Massariol, de modo pertinente abordou sobre a importância de medidas efetivas para atuarem no tocante a redução ao uso das drogas, não somente nas escolas, mas na sociedade de uma forma geral. Explanou que "princípios básicos tais como alicerces morais e espirituais", são eficazes na contribuição da iniciativa. Sua enfatização acerca do assunto se deu como posição "Preventiva" - ao demonstrar estatísticas atuais que corroboram com sua afirmação.
Segundo dados apresentados, Massariol declara que Medidas de Prevenção chegam a reduzir em 60% gastos nos cofres públicos, além de reduzir danos ao usuário e familiares.
De forma precisa, declarou ser insuficiente a atuação do jurídico na resolução da problemática, por este estar sujeito as variáveis da legislação nacional, que tende ser um tanto inadequadas, dependendo do caso. Não basta apenas a ação jurídica e cobrança social. Uma reforma de "Lei" é necessária para promover resultados mais abrangentes e justos! - continua - sugerindo também o aumento da fiscalização por parte do Estado na autuação referente as drogas ilícitas e medidas mais rigorosas em relação ao cárcere.
Vale a pena citar dados referidos durante o debate.
Só na cidade de Linhares, de Janeiro a Setembro de 2013 houveram 124 sentenças condenatórias por tráfico. Destas sentenças, 04 absolvições. Dentre 1427 inquéritos policiais, 200 se referem a Drogas - Consoante a processos, em média 6 réus são envolvidos, e a complexidade é enorme e envolve muitas vezes, menores.
As características do perfil dos detentos também foi citada como fonte de despertamento para a atuação maior na enfase a educação:
- Quase totalidade dos indiciados não tem qualquer profissão;
- Possuem baixa escolaridade ou são analfabetos;
- Vêm de famílias desestruturadas;
- Ausência de afirmação de Identidade;
- Possuem baixo autoestima;
- Não possuem título de eleitor;
- Não possuem carteira de trabalho assinada;
- Não possuem paternidade declarada nem convivência com figura paterna;
- Atuam mais em pequenos tráficos;
- São influenciados por meios de violência.
Finaliza alegando que não é apenas o Caminho da Educação que deve ser abordado como ênfase no combate as drogas, mas as ações e medidas diversas em geral, incluindo o Ministério Público juntos aos órgãos gestores da educação, afim de contribuir melhor com medidas de prevenção eficazes.
Já o Ex° Juiz, o sr° Carlos Abad, esquentou a mesa ao abordar os aspectos "hipócritas da sociedade e da lei". Aplaudido com louvor em diversos momentos pela platéia interagida por suas sugestões e apelos carismáticos, o Juiz, reportou a questão da sustentação do mercado das drogas ilícitas pelo "Judiciário e políticas capitalistas". Mesmo causando polêmicas com sua corajosa abordagem, o juiz trouxe a reflexão: "Só existe tráfico porque existe procura".
Podemos ousar mais em nosso espaço. Os pequenos traficantes que visam enriquecer não podem ser consumidores. Para se consumir drogas ilícitas é preciso ter renda para sustentar o vício. Logo se o traficante é viciado, ele vive pra manter o vício e não enriquece, os que enriquecem não mantém vício, pra manter vício tem que ter grana (muita grana), então, quem banca a patota?
Cerca de 65% dos processos criminais estão ligados ao tráfico. Leis são suficientes, porém a execução da lei é que é hipócrita. A hipocrisia permeia toda a execução da lei. O que fazer então em relação a realidade das drogas?
Para se evitar é preciso prevenir não somente as portas ilícitas, mas as consideradas lícitas, tais como tabaco e álcool. Não existe trabalho sério para atuar contra os locais (exemplo bares) que comercializam tranquilamente (inclusive para menores!!!!) essas drogas consideradas então lícitas. Não existe fiscalização nem policiamento nesses locais, sem contar nas festas. Menores entram e saem sem seus respectivos responsáveis, são levados em bandos em coma alcoólico para os hospitais, e nenhuma medita de repressão é feita aos organizadores. Sem contar, que por se tratar em sua maioria de festas particulares, o "estimulador" rola adentro, e por cima "dos muros" e nada muda desde então "debaixo do sol"...
E para fechar com chave de ouro a manhã de debate, a srª Ilza Scorfild, promoveu a partir de sua experiência uma sugestão funcional ao desafio. Com a mostra de uma reportagem promovida pelo tribunal de Justiça de Guarapari-ES, ela demonstrou de modo sucinto e eficaz sua experiência. Somando junto a ação da Polícia Militar-Projeto PROERD, ministrado pelo Cel. Nunes, a etapa matutina foi encerrada com louvor.
A abordagem vespertina foi iniciada com Testemunho do sr° Altamir Ribeiro de Moura, Responsável Pela Casa de Recuperação RESGATE que, além de sua experiência como ex-dependente, mostrou de forma objetiva o efeito das drogas na juventude e na família.
Para finalizar a tarde, a simpática e contagiante Doutoranda, Ma. Roberta Scaramussa, professora de Psicologia da faculdade Pitágoras em Linhares-ES, abordou o tema: "Droga no contexto escolar: como abordar?". Iniciou sua abordagem descontraindo o público, problematizando situações afim de trazer respontas eficientes ao meio docente.
Foram 08 horas de debate, sugestões, aprendizado, reflexões, também acompanhado de arte e cultura apresentados por alunos de escolas públicas locais.
A EMEF - Elza Roni Scarpati, emocionou a mesa e a platéia com uma dramatização, apresentando os contextos de destruição familiar e males provocados pelas drogas.
O Colégio Poli I, também atuou de forma simplória mas eficiente ao demonstrar o importante papel na atuação do caráter juvenil.
DICAS DA Ma. ROBERTA SCARAMUSSA AOS DOCENTES |
Sendo a idealização do Seminário sensibilizar a comunidade educativa e a comunidade em geral para construir ações que previnam o uso de drogas no âmbito escolar, respeitando os princípios dos direitos humanos; faltou a participação da população para não só ouvir, mas explanar a realidade que as cerca de fato.
Algumas perguntas feitas pela platéia foram direcionadas dentro do interesses premeditados, dificultando a democratização do assunto de um âmbito geral. Se o encontro tem por objetivo propor discussões sobre prevenção, atenção, reinserção social, pesquisas e avaliações que envolvam ações eficazes e contínuas deve se pensar em uma abordagem mais democrática e não reter apenas a público alvo.
Afinal, a Educação é um direito de TODOS!!!!!!!
Ainda assim, parabenizamos a ação dos órgãos envolvidos.
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