UMA VIAGEM EM RUMO AO AMOR ALTRUÍSTA - PERMITIDO CONTÁGIO
Viagens são momentos únicos que nos remontam a muitas oportunidades,
inclusive de compreender o amor altruísta.
Certo dia, estava eu em uma
viagem de trabalho quando o motorista voltou para mim e indagou:
- Você é diferente moça! Não como os demais passageiros que costumo
transportar diariamente. Você olha nos olhos da gente e nos faz sentir que
somos importantes! Nota cinco!
Por alguns segundos a vaidade
tentou ganhar espaço, mas a gratidão finalmente venceu. Logo compreendi que
essa expressão significava mais que um elogio. Ele comprovou ao perguntar:
- Você é crente moça?
Eu sorri e devolvi:
- Você não? – Respondi ao sair
do carro seguindo meu caminho. [...]
Banalidades! - Pensei enquanto
caminhava – O que restou de 2000 anos de tentativas proselitistas cristãs:
Banalidades!
Confesso que ser compreendida
como “crente” me incomodou muito! Mais pretendo esclarecer isso ao longo de
nossa reflexão.
Receio que, ao categorizar o
todo histórico do cristianismo, tendo a ser reducionista ao sinalizar essa
exclamação. Deixe-me porém, me fazer melhor compreendida (ou não!).
De modo algum, ignoro a ideia
de que um “remanescente fiel” exista.
Este espaço não pretende juízo de valor frente as pluriformas de expressão da
espiritualidade.
Mas não percebo esse remanescente
no meio das multidões, em templos suntuosos, etc.
Este remanescente - essa espécie de “Voz
que clama no deserto” - parece estar
espalhada pelos quatros cantos do Globo e, cantam em uníssono: “Maran Atâ” (Nosso Cristo Vem!)
Quando me perguntaram se sou “crente”, não me envergonhei de ser “reconhecida
como tal”. Porém, resta-me saber: Crente em que ou em quem?
Verbo crer, como uma ação,
surge da raiz latina “credere”, que
significa confiar, acreditar em algo no campo da espiritualidade.
Logo, a ideia
que associa a palavra crente a uma denominação, ou mesmo, a um dogma, é
obsoleta.
Nossos sentimentos tendem a
seguir àquilo que cremos. O lugar do nosso “crer” é nosso altar. Ali são
depositadas nossas queixas, nossos medos e também, nossa esperança.
Jesus disse: “Onde está o seu tesouro, ali estará o vosso
coração! ”
Não muito tempo atrás,
assistindo ao telejornalismo, me deparei com uma reportagem onde a
entrevistada - militante de extrema direita - indagava o repórter com seu
discurso de ódio e preconceito.
Ela insistia em ser ouvida, mas julgava tudo em “Nome de Jesus! “
O que me chamou bastante
atenção, não foi nem o discurso em si, pois ódio, preconceitos, etc. estão em
todas as esferas, não apenas no contexto religioso.
O que me incomodava era a forma como ela usava o Nome de
uma figura histórica que viveu sua vida em prol à igualdade, respeito,
fraternidade entre os homens e amor. Quanta pretensão?
O que mais me assusta são
esses, que dizem detentores da “Palavra de
D’us”, mas se colocam no lugar de juízes e carrasco. Mas, Aquele que detinha
todo o poder disse apenas: “Não vim para Julgar o
Mundo! ”
Estes, parecem alocar o
Evangelho numa espécie de Loop perverso, sustentando
uma fé corrompida por valores anticristãos. Deturpam a Lei e os Evangelhos em
seus próprios deleites.
Há muito digo: Não obtemos
representatividade, reconhecimento ou valores, através de represálias, subjugação
e opressão! A liberdade condicionada pela responsabilidade fraternal é o
caminho para a paz e justiça.
Nos labores culturais, não é
ainda a adaptabilidade ou segregação que vai criar moldes de uma sociedade
igualitária e mais justa.
Ao orientar seus discípulos
acerca de dias difíceis e tempos do fim (era cristã), Jesus disse:
“ Vede que ninguém vos engane! Porque
virão muitos em meu Nome dizendo, eu sou o Messias, e enganarão a muitos”.
(Mateus 24:4,5)
Neste sermão profético, Jesus
insiste em dizer aos seus seguidores sobre os sofrimentos que os ocasionaria:
[...] “Em meio às guerras e tribulações,
haverá fome e terremotos. Sereis odiados por causa do Meu Nome! ”
Sempre me perguntei como isso
se daria, já que o Nome de Jesus promete paz e segurança.
Hoje, compreendo que o joio em meio ao trigo, suplantou o
segundo. O joio[1]
nasceu na Igreja Cristã. É fruto dela, de dentro, e não de fora. Ele (joio)
desenvolveu tanto que “matou a Igreja
original”.
Por muito tempo a ameaça de
possível frieza espiritual vinha de fora dos portões eclesiásticos. Por isso
tanto dogma e instrução de separatismos. Mas hoje sabemos que o mal estava na
raiz, o fermento[2]
era interno - levedou toda a massa.
Quando observamos as Igrejas
Cristãs atuais, percebemos que a concentração dos seguidores e simpatizantes, se
alinha na busca incessante por “respostas rápidas” e, em sua grande maioria,
egoístas.
A fim de receberem suas “bênçãos”,
muitos estão disposto, inclusive, a “pagar preços” irracionais. Até mesmo, o
que outrora era chamado “adoração”, hoje não passa de melodias e letras para a
satisfação dos desejos da alma humana.
Não se encontra facilmente o
louvor deliberativo e transcendente ao Criador. Sentir-se bem e confortável é a
motivação do culto. Se não falam o que querem ouvir, seguem a interminável lista
de opções egóicas. Ficam com a opção que melhor satisfaz!
Anjo de Luz - Disfarçado |
A busca pela satisfação e
interesses privados deve ser preservada a todo esforço. Alguns estão dispostos
ainda a “doar tudo” para um fim maior e mais satisfatório.
Os Templos e líderes são os
maiores e melhores beneficiados! Quanto aos milagres prometidos.... Ponho minha
fé em xeque!
Jesus disse: No mundo tereis
aflições! Também que sofreríamos tribulações, dores e perseguições; mas que
isso era apenas condicionante humano, demasiadamente humano.
Como Sua Palavra não era para
este mundo (material), Jesus pretendia trazer Vida em Abundância. Nessa passagem, vida é Psiquê (Gr. mente – alma) e, abundância, original da raiz aramaica Shalomá – isto é – frutífero, próspero,
saudável.
Logo, temos em Jesus, a promessa de uma mente e emoções saudáveis e
racionais!
O mais comum nas preleções que
encantam as multidões, é a utilização deste e outros textos (sem contexto), para
enfatizar a Teologia da Prosperidade.
No intuito de atrair multidões pela essência
do desejo de felicidade sem limite, usam pretensiosamente seus encantos e jactâncias. Mas Cristo foi bastante claro
e enfático:
“Não podeis servir (se
entregar) ao Espírito (D’us) e às Riquezas (Mamonah).”
Nessa confusão, tomamos como
aprendizado que o campo da fé genuína e da esperança pelo Reino de D’us, ou
seja, um lugar de justiça e paz, é substituído por crenças hedonistas e
materialistas.
Na Parábola as 10 Virgens,
Jesus utiliza sua alegoria para demonstrar que a possível “demora” deste Reino em se cumprir, levaria muitas a “apagarem suas lâmpadas”. Nesta
escuridão, a fé seria impossível de ser guiada.
Contudo, através do Profeta
Daniel, Ele insiste: “Bem-aventurados os
que creem para além desses dias maus! ”
Das Igrejas que restam no
Apocalipse (fim), apenas a de codinome Esmirna foi elogiada pela sua fé e obras
genuínas. Jesus a considerava uma Igreja justa, apesar de ser rechaçada como
pobre.
Ele disse que apesar de pobre
no sentido material, era rica em obras eternas e esperança. Mas advertiu: “Em seu meio estão muitos que, como
traidores te observam para te destruir! ”
Continuou: ”vocês serão perseguidos por serem justos e
fiéis. Aprisionarão vocês pondo-os em provação por 10 dias[3].
Mas me ouçam! Sê fiel até a morte. O vencedor de modo nenhum sofrerá a segunda
morte.
As demais Igrejas narradas no
livro profético receberam seus reconhecimentos devidos, suas exortações e
condenações pelo juízo e maldições operantes em seu meio.
Mas
quem são as Esmirnas de hoje?
Podemos compreender à luz da
Palavra que essas seriam as que, apesar das banalizações,
mentiras e soberba, permaneceram fiéis aos ensinamentos do Cristo. E ele
mesmo explica:
“Um tratado novo vos dou: Que vos ameis uns
aos outros; assim como Eu vos amei. Que dessa maneira tenhais amor uns para com
os outros. ” (King James, João 13:34)
Esse Tratado Revolucionário não
é direcionado aqui ou aquém, mas
ultrapassa barreiras, limites das tradições vigentes e costumes latentes.
Mas
que amor é esse?
Não estamos falando de um
simples sentimento ou mesmo, uma ação de caridade. Vejamos o que Paulo diz em
sua epístola aos Romanos 12:9:
“O
amor não seja fingido. ”
Show Gospel - Esquecimento do Verdadeiro Propósito da Adoração |
Compreendemos que o termo “sem fingimento” é um adjetivo grego. A
palavra “ampokritòs” – composta pelo
prefixo an (sentido negativo) e pelo
substantivo hipokrísia - significa fingir que é ou tem algo e na
verdade não é.
Vimos recentemente em outro
artigo meu “A Essência do Amor no
Des-velar do Existir” (neste Blogger), os conceitos básicos do Amor.
Ainda
em Paulo, compreendemos que Satanás (Ar.:
haSatan), se transfigura em anjo de luz.
(2 Coríntios 11:13-15)
HaSantan, em aramaico,
significa “o que se opõe – adversário”. Além disso, seus ministros que se
consideram ministros da justiça, falsamente distorcem a Palavra de D’us, em
seus próprios benefícios.
Logo, o Amor não deve ser
hipócrita, i. é., ser fingido, falso, pretensioso.
Em I Pedro 1:22, o apóstolo
da cruz invertida, nos ensina que é preciso “Purificar nossas almas (emoções)
através do Espírito (Verdade Libertadora) em direção ao Amor Fraternal, não
fingido (ampokritòs).
Ele finaliza: “Amai-vos
cordialmente uns aos outros com um
coração PURO”.
Finalmente, encerro por aqui
minha jornada nessa viagem tão satisfatória e feliz que me permitiu essa
reflexão.
Ser diferente (metà [nóia]),
foi o que me fez perceber aquele motorista de aplicativo. Certa agora, e livre
de qualquer juízo, compreendo que ele se referia a alguém que não se iguala ao
modal, e nem se limita às massas para agradar.
Amor não tem cor. |
Essa viagem me ensinou que a
verdadeira liberdade e paz só pode ser encontrada naqueles que, com
responsabilidade e fé, compreendem nos ensinos do Mestre, um amor que nos constrange
a transformarmo-nos a cada dia, em alguém melhor e mais justa.
Espero que este vírus, chamado
amor fraterno te contagie também!
Até Breve! Shalom Adonai!
Da amiga,
Christianne Sturzeneker
Copyright©2005-2024
[2] - Fermento é símbolo maldade e
perversão.
[3] - Década Pitagórica – símbolo do completo – concluído –
findo. Sendo 1 início e O a neutralidade que permite o concluinte. Logo, os
números naturais de 1 a 9 significam jornada. Com o acréscimo do O nulo, o
findo é concretizado.
Comentários
Postar um comentário
Oi, este espaço é pra quem gosta de pensar, do existir e do abrir-se ao saber. Se você é assim, seja bem vindo(a)!