O Descortinar do Véu da Morte – O que há por trás deste véu?
O medo da morte leva a muitas incertezas. A busca pelo há por trás da morte, leva muitos a desejar descortinar o mistério deste véu.
Muitas pessoas passam a vida inteira se preocupando em conquistar, realizar seus sonhos e adquirir bens. O fluxo do imanente é o sentido que as mantem vivas. Não tem tempo para pensar o transcender da vida: a morte. Mas o que há por trás deste véu?
Nesse período de quarentena, a humanidade, pelo menos em grande parte do globo, pode experimentar o medo da morte e re-significar esse lugar chamado vida.
Frente a uma ameaça séria e de larga escala, a morte passou a ser também vista como algo impossível de superar.
Se observarmos, ao longo da história da humanidade, o medo do não-compreendido, levou o homem a racionalizar muitas formas de superar esse lugar obscuro que denominam morte. Mas o que vem a ser a morte?
Por séculos a Filosofia e a Teologia, através de seus muitos pensadores, com centenas de visões de homem e mundo, procurou pôr a seu encargo a resposta frente à angustia da morte.
Após a Revolução Iluminista, o medo da morte transferiu-se em sua maior escala, para o campo das muitas teologias, religiões e ocultismo.
Ainda assim, a ciência moderna, luta para superar a morte, ou ainda, vencê-la, a partir de intervenções no genoma humano e fármacos; que prometem, ao menos, prolongar a vida.
Mas o que é a vida?
Ao depararmos com a questão da morte, surge-nos a questão do existir. Duas retas paralelas ou perpendiculares? Duas faces de uma imagem, de uma sombra; ou, vieses do mesmo encalce?
Como nosso objetivo não é esgotar a questão, pelo contrário, nossa reflexão provoca esse lugar de angústia frente à realidade da morte, por esta, ser a única verdade concreta da existência.
Enquanto o existir imanente nos proporciona o lugar do reinventar, re-significar, reconstruir muitas formas de ser-no-mundo, a morte sentencia a reta final, o ponto de chegada deste imanente.
Certa que, não podemos ir além dessa reta iniciada ao longo do nascimento, o que também não pode ser desejado pelo ser-da-vida, a morte, por mais prevista, tratada, compreendida e evitada, não pode ser negada, ou mesmo, anulada.
O que nos resta é o lugar do viver. Se somos seres-para-a-morte, e esta é, a verdade do nascer, o viver se torna desafiador, não a morte. Esta já está aí por si. Tem seu Dasein.
Não necessita de estratagemas nem para alcança-la, muito menos para evita-la. Se natural, porque a morte continua tão obsoleta e ameaçadora?
Frente a razão que nos detém neste corpo e cria significantes ao existir, o obsoleto, o obscuro, o não-compreender, gera angústias sem fim, nesse ser de subjetividades e afetos, condicionado ao apego social.
Esse lugar de apego, condiciona o homem a certa necessidade de estabilidade e comodidade. Frente a isso, o homem moderno, passa a existência tentando ter o que lhe dá prazer e faz sentido ao corpo, apega e habitua.
O simples medo de perder o que lhe dá essa “segurança ao corpo”, lhe angustia. Neste paradoxo, a angústia se instala numa escala ainda maior, levando-o, ou a esquivar-se da realidade da morte, ou a negá-la.
Como não se pode negar o que é-por-si-só, os subterfúgios apenas prolongam o medo e a dor do que não se quer compreender, ou aceitar.
Infelizmente, somente quando confrontados pela sombra da morte – seja pela partida de alguém que amamos, por conta de uma doença ou fatalidade, ou qualquer outra circunstância – é que pensamos mais profundamente sobre o que nos espera quando a existência física chega ao fim.
O teólogo renomado, C. S. Lewis diz:
[...] “Está no processo de se tornar mais nobre, mais nobre do que possa imaginar. Ou mesmo de se tornar vil a ponto de não poder mais se redimir”.
Lewis nos provoca a lembrar que não existe gente “comum”. Todos têm uma história: a existência.
Ao nascer, o homem é desafiado a depender grande parte de sua vida de cuidados necessários para sua sobrevivência e maturação, como bases essenciais desse estar no mundo.
Ao crescer e dar sentido a vida, constrói para si e outros, um lugar no mundo. Não se escolhe nascer ou morrer. Se escolhe viver: Como viver!
Para muitos, a morte soa como inimiga da vida. Para alguns a grande amiga quando D’us dá seu chamado final. Podemos compreender que a morte não é um mergulho desesperançado no vasto desconhecido.
Para os cristãos primitivos, D’us, através de sua promessa de Redenção, dá um bastão de luz para iluminar as trevas. Nessa caminhada cristã, queremos hoje, lhes mostrar, como a fé nas promessas Bíblicas promovem conforto e qualidade de vida.
Certa que essa ótica não se esgota as muitas fontes de sabedoria e compreensão da vida e morte, nos atemos às promessas que estes dizem crer.
Para isso, iremos espiar através da cortina desse saber cristão liberal, percorrendo os caminhos sobre o que dizem a respeito da comunicação espiritual, reencarnação e experiência quase morte.
A Experiência de Ellen e o Medo da Morte
Ellen manteve um diário relatando seus pensamentos e desejos mais profundos no período em que lutava contra um câncer avançado. Seus escritos se tornariam um legado para sua família.
Em seu diário, ela perguntava-se como seria a morte: Que roupas seriam usadas no enterro? Quem amaria e cuidaria de seus filhos?
Como ficaria seu querido marido após sua “partida”? Queria que soubessem, caso sofressem, que ela se importava com eles.
Finalmente, ela desaba:
“Qual é o problema Senhor D’us? Por que fazes isso com minha família? Somente um D’us idiota faria isso! ”
Negação, raiva, medo, depressão e resignação desesperançada – todos esses sentimentos irrompem na alma daqueles que enfrentam a morte.
Mesmo sendo a morte comum ao ser humano, cada pessoa precisa viver a própria morte, e precedente à esta, a ignomínia.
Os amigos, os amores, a família, caminham apenas até a cortina; o moribundo desaparecerá atrás do véu sozinho. Certamente Ellen esperava vislumbrar algo além do véu que lhe acalentasse a alma.
A separação estava próxima, e ela sabia. Isso lhe aumentava a angústia. Descobrir-se-ia totalmente consciente em alguma caverna escura buscando companhia sem encontrar ninguém?
Para alguns, o enfrentar a morte lembra uma galinha na frente de uma víbora: ficam incapazes de reagir na presença daquele chamar à ação mais drástica e decisiva. Na verdade, não há o que ser feito!
Todos desejam saber de antemão o que espera do outro lado. A natureza humana apreende com a razão, alguns indícios, algumas pistas que podem ser juntadas daqueles que estão para atravessar a fronteira.
Ficamos ansiosos por palavras de conforto. Queremos ouvir o tempo todo que tudo ficará bem! Alguns buscam uma luz no final do túnel, e inclusive narram experiências de quase morte, procurando consolar a si mesmo e a outrem.
Nessa esperança, a crença na reencarnação, revela como forte consoante de justiça e alívio. Sabemos que as pessoas procuram sempre sentirem-se confortáveis. Esse é o viés da modernidade! Todos querem acreditar que a morte não é tão ruim, muito menos, o fim.
Nesta perspectiva, o medo da morte é suplantado pelo jubiloso sentimento acerca de um mundo vindouro no qual todos terminamos reunidos e contentes. Não há julgamentos nem revisão nem revisão cuidadosa da vida do indivíduo.
Sem dúvida, a morte tem mistério, somos informados, mas não é para gerar temor. Em vista da avaliação positiva do Grande Além, não seria surpresa, algumas pessoas desejarem chegar a esse destino.
Mas quão legítimos são os vislumbres relatados por trás da cortina entreaberta? Muitos estão convencidos acerca da imortalidade da alma. Existem até confirmações paranormais que confirmam sua possibilidade.
Temos de concordar que a alma pode sim, [e porque não], sobreviver à morte do corpo, mas quanta informação confiável pode ser transmitida para a Terra por aqueles que dizem o que viram do outro lado?
Como já falamos anteriormente, avaliaremos essa indagação a partir de três tipos de evidencias distintas, às vezes, usados para garantir que “tudo ficará bem” quando a saída for realizada por meio deste misterioso véu da morte.
Comunicação Espiritual
Algumas pessoas afirmam conversar com mortos. Citando um exemplo de LUTZER (1997), ele conta um caso de certo Bispo Americano, que julgava falar com seu filho que havia cometido suicídio, através de um espírito médium.
Segundo a narrativa, o rapaz morto, em um de seus diálogos com o pai, revelou que “falhou no teste da vida com ele e seus familiares, e estava em um lugar que lembrava o inferno, mas que não era condenado, além disso, para os que estavam naquele lugar, Jesus era apenas um modelo a ser seguido e não o Salvador!”
Após essa experiência, o Bispo alegou ter feito contato com o espírito de outro cristão que morrera meses antes do suicídio de seu filho. Mas apenas descobriu que era o colega de ministério através de seu sotaque alemão.
Como essa evidência pode ser interpretada? Para o cristianismo original, o diálogo com espíritos não pode ser considerado divino. Atribui-se o contato com os mortos, diálogo com espíritos decaídos, ou demônios que personificam o morto para criar a ilusão de que vivos podem se comunicar com mortos.
Para a teologia cristã, esses espíritos tem um impressionante conhecimento da vida da pessoa morta, uma vez que observam cuidadosamente os indivíduos quando estão vivos. Por meio da ilusão e engano, imitam a voz e a personalidade, e até mesmo a aparência da pessoa morta.
Em Levítico 19:31; 20:6, 27,e ainda, Deuteronômio 18:11; na versão Inglesa King James, a tradução da palavra médiuns, é traduzida por “aqueles que tem espíritos familiares”, sugerindo a familiaridade que alguns demônios tem com indivíduos.
Em algumas ocasiões, a narrativa bíblica de Samuel e Saul é usada para justificar a comunicação com os mortos. Em I Samuel 28:3-25, uma circunstância é notável: Samuel, aparentemente, foi trazido de volta do mundo dos mortos pela médium de En-Dor.
D’us mesmo parece ter realizado esse milagre; só esse ato surpreendente explicaria o terro da médium ao se deparar com o “espírito do profeta Samuel”.O relato Bíblico revela que Samuel e Saul se falaram, porém não por meio da médium.
Ao que consta, a ira de D’us se revelou ao rei Saul por ter “invadido o véu proibido”. Para os cristãos, a tentativa de falar com o morto é condenada de maneira consistente por D’us (Deuteronômio 18:11, 12).
Desta forma, não há crença de que seja possível contato direto com pessoas mortas, por parte dos cristãos tradicionais. Não se nega a prática nem a possibilidade de contato com plano espiritual.
Contudo, ao que se revela, o contato se dá com espíritos que personificam o morto. Para estes, o truque dos espíritos é complexo, pois falam de amor, valor da religião, fazem referência a Cristo, dentre outras.
Mas essa habilidade ajuda apenas a entender casas mal-assombradas, diz LUTZER (1997), em sua narrativa. Ele explica o fenômeno:
“Quando uma pessoa habitada por espíritos malignos morre, esses demônios precisam se transferir para outro lugar. Frequentemente escolhem permanecer no local onde a morte aconteceu”. (Principalmente em casos mortes violentas, suicídio, assassinatos, etc.).
Finalmente LUTZER (1997) relata que “tentar contatar o morto é propor associação com hostes das trevas fingindo ser anjos de luz que estão ali para ser úteis! ”
A questão sobre a comunicação pós-morte não é clara. Principalmente quando os canalizadores não são confiáveis. Temos relatos da mídia recheados de charlatanismo e utilitarismo.
Os que se voltam para o mundo oculto para buscar conhecer a morte, podem estar equivocados. Não se espera desacreditar a crença após a morte, mas é preciso se ater aos muitos enganos se se respaldam no pensamento mágico religioso e na fé sem razão.
A teologia contemporânea não é homogênea no tocante a Doxologia. Mas a Tradição Bíblica é clara: não temos o direito de tentar espiar atrás da cortina que se abriu ao irmão viajante. É preciso saber viver e morrer.
Reencarnação
Há poucos citamos a reencarnação como argumento de justiça. Essa crença, porém, tem origem nas raízes do ocultismo, e não tem fundamento bíblico cristão. Essa doutrina, sustentada por muitos, ensina que simplesmente não paramos de ser reciclados; a morte não é nada além da transição de um corpo para outro.
Assim, eliminamos o medo da morte ao proclamar que ela não existe.
Os que se comunicam com espíritos, alegam ser estes, os principais mensageiros dessas promessas de reciclagem espiritual. Contudo, para um cristão professo, na leitura de II Coríntios 2:13,14, ao dirigirem aos que se comunicam com os mortos, o apóstolo Paulo diz:
“Tais homens são falsos apóstolos, obreiros enganosos, fingindo-se obreiros de Cristo. Isto não é de admirar, poiso próprio Satanás se disfarça de anjo de luz! ”
Experiências de mediunidade e contato com os mortos não são suficientes para comprovar a veracidade da encarnação. Compreendemos que existem muitos outros experimentos no campo da parapsicologia, contudo nenhuma dessas experiências pode ser comprovada à luz da ciência ou razão.
Não nos fechamos às muitas formas de apreender os mistérios, mas este artigo se limita, neste instante ao pensamento e apologia cristã. Pretendemos em outra ocasião, narrar outras fontes de compreender essas e outras questões pertinentes ás teologias afins.
Logo, para os cristãos, o ocultismo, de qualquer espécie, só prova a existência de um mundo espiritual, mas não pode ser considerado fonte confiável de informação clara e verídica sobre este mundo.
Ninguém que proclamado ser guru é qualificado para nos informar a respeito da eternidade. Ninguém pôde até hoje, provar que alguém viveu a experiência de ser reciclado de outra existência. O véu abre-se quando passamos por ele, mas, uma vez que se fecha, ele não se abre para retornarmos.
EQM – Experiência de Quase Morte
Temos inúmeros relatos de pessoas que afirmam que morreram e retornaram ao corpo. Dr. Moody (1975), registrou várias entrevistas feitas com pessoas que estiveram perto da morte, mas foram ressuscitadas com sucesso.
Todos tinham em suas narrativas elementos semelhantes: ouvia ser declarado como morto; saía do corpo e observava o médico trabalhar em seu cadáver.
Enquanto se encontrava nesse estado, podia encontrar outras pessoas e mortos, e, depois, um ser-de-luz que os permitia uma experiência de prazer.
Eis o relato de uma de suas pacientes, Beth Eadie:
“Em determinando momento, cheguei a um túnel onde, de repente, começaram a brilhar luzes a minha volta. Elas me deram a certeza de que estava em algum tipo de túnel e, pela maneira como passei por elas, saia que estava a centenas de quilômetros por hora. A essa altura, também percebi que havia alguém comigo. Ele tinha cerca de dois metros de altura e vestia uma túnica branca longa com um cinto simples amarrado na cintura. Seu cabelo era dourado e, embora ele não tenha dito nada, não senti medo porque percebi que ele irradiava luz e amor. Não, ele não era Cristo, mas sabia que fora enviado por Cristo. Provavelmente era um de seus anjos ou alguém enviado para me transportar até o céu! ”
Para essa paciente, relatada pelo Dr. Moody, Jesus é uma espécie de ser de luz que a dirige para certo lugar. Mas não era o Salvador. A partir desses relatos, o Dr. Moody percebeu a verossimilhança das experiências, e todas tinham uma conotação espiritual.
Pode comprovar que na morte, a alma se separa do corpo. Alguns pacientes não só tiveram olhar em retrospectiva, mais uma experiência distinta. Isso nos leva a pensar que no leito de morte uma pessoa pode de fato ver Cristo numa espécie de zona crepuscular.
Alguns personagens bíblicos relatam certa experiência em seus leitos de morte: Estêvão e Paulo, por exemplo. Não estamos aqui para desmentir ou ratificar esses relatos. Sejam pela experiência de uma paciente ou mesmo bíblicos.
Relatos como estes podem, de certo, ter alguma validade. Podem até refletir uma condição de vida após a morte. Mas, seria sensato ou empírico, experiências e relatos isolados, atestarem uma certeza?
Embora experiências de quase morte tenham impressões positivas, muitos relatos revelam experiências sombrias e sinistras. Alguns alegam até ter visto trevas e tormentas. Mas em todas essas crenças baseadas na “religião do ressuscitado”, uma avaliação precisa ser realizada.
Temos que nos ater que relatos de EQM são de indivíduos que podem ter morrido clinicamente, mas não experimentaram a morte biológica ou irreversível. Resta-nos ponderar se a informação que se revela é confiável ou não, no que se diz respeito a tentativa de espiar por trás do véu parcialmente aberto.
Só D’us sabe de fato o que há do outro lado da cortina. Por isso, em sua fé respaldada na Bíblia, os Cristão aguardam a promessa da Parusia, e não, especulação do além. Para estes, o Antigo testamento, no qual os primeiros vislumbres das regiões da morte entram em vista, é o caminho que aponta ao Novo Testamento.
Nesses termos, não se espia detrás da cortina, mas se espera a Volta do Cristo, para o cumprimento da Sua Promessa: a Ressurreição!
Na morte e ressurreição do Salvador, transfere-se aos que creem, a promessa da Redenção: D’us entreabre a cortina para que possam dar uma olhada dentro sim.
Mas a caminhada da Vida é que prepara para a Morte, lugar este, que segundo a Bíblia, permite acesso a Verdadeira Vida, livre do labor e angústia.
Notas:
1) Os casos são verídicos, porém a identidade real das pessoas foi omitida para preservar o sigilo. Qualquer semelhança, será mera coincidência.
2) A ótica explanada ao longo do texto foi a cristã liberal. A autora pontua que é aberta a todos os tipos de confissões, e o objetivo não é criticar ou fazer apologia apenas á uma perspectiva, mas mostrar ao longo do espaço de liberdade e conhecimento os muitos vieses que se instalam no conhecimento histórico existencial.
3) Dasein serviu para
designar a manifestação do ser enquanto ente. O Dasein se compreende
a si mesmo enquanto ser que existe. Segundo Heidegger, a substância do Dasein é a
existência e não o espírito enquanto síntese de corpo e alma. O verdadeiro
ser consiste em objetivar
aquilo que ainda não é.
Christianne Sturzeneker
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