A MAGIA NA ANTIGUIDADE E MODERNIDADE - PARTE I


Na prática da magia, alguns ensinamentos e princípios mais profundos, são mantidos em segredo. Tanto na antiguidade, como na modernidade, esses princípios herméticos são destinado apenas aos iniciados.



Neste artigo iremos narrar de forma panorâmica alguns aspectos da antropologia religiosa, em especial, as práticas magister na história da humanidade e suas sociedades. Desde o mais remoto dos achados arqueológicos, é possível observar comportamentos supersticiosos e misticos em todas as culturas primitivas, em comunas politeístas e monolátricas.

A prática na antiguidade era tão comum, que se confundia com os cultos mais coletivos. Vejamos alguns aspectos da pratica da magia em algumas dessas sociedades remotas.


A MAGIA ENTRE OS MEDOS E PERSAS

 O termo Mago etimologicamente, tem origem no termo hebraico Mag, ou do assírio Mahu. Provavelmente foi tomado de uma tribo meda, não ariana, que se estabeleceu entre os medos, na cidade de Hagmatana (Ecbatana Grega e atual Hamadã).

Os Magos dessa clã eram constituídos por uma casta sacerdotal, intérpretes de sonhos, feiticeiros, astrólogos e oficiantes. Eram considerados pelos membros da comunidade como austeros, puros, quase deuses.

Vestiam-se de branco, não se alimentavam de carne. O magos mazdeístas cultuavam o fogo sagrado. Essa pratica se proliferou mais tarde em todo o Irã entre os magusianos. Na Caldéia (capital império persa), a prática da magia era muito valorizada e respeitada, a ponto de seus cultores a denominarem: “Arte Real”.

Rembrandt - O banquete de Baltasar

 A MAGIA ENTRE OS EGÍPCIOS


No antigo Egito havia uma casta chamada Alta Magia, e esta era transmitida pelos Iniciados. Contudo só podia ser conhecida em profundidade pelos chamados Hierofantes que detinham zelosamente os ensinamentos e as tradições de Thot (Hermes Trimegisto Grego), que fez esculpir na famosa Pedra de Esmeralda (Tábula Smaragdina) os dogmas da Magia.

A divulgação e profanação de certos mistérios da Magia hermética, deturparam-se ao cair em poder do povo comum (não iniciados) e dos ignorantes. A par de de elevadíssimos ensinamentos, havia a baixa magia, i.e., a feitiçaria, tão difundida entre os egípcios.

No Livro de Thot, era possível encontrar encantamentos para separar rios para duas partes, recolocar cabeças em homens decapitados, animar animais pela cera, etc. O povo tinha medo dos feiticeiros e do mau olhado. Por isso, amuletos, conjuro, evocações e práticas de feitiçarias serem espalhado nas casas e por todo império.

Os faraós viviam cercados de magos. São demasiadamente conhecidas as lutas entre Moisés e Aarão, contra os magos de faraó, citados na Bíblia.

As tradições exostéricas1, grosseiras deturpações da verdadeira magia, faziam com que os egípcios procurassem livrar-se de males reais com fórmulas burlescas. Assim, pensavam que o dizer: “Não tendes poder sobre mim porque sou Hórus”, não seriam picados por serpentes, e que ao afirmar: “Vossos dentes não me atingirão porque sou Osíris”, impediriam de serem devorados por crocodilos. Julgavam que equiparando-se aos deuses, tornar-se-iam invulneráveis.



MAGIA NA ASSÍRIA E ENTRE OS ÁRABES ANTIGOS


Na Assíria era comum o uso de talismãs e ritos defensivos contra maus gênios. Os males de um modo em geral eram transportados para a água, desta forma, banhos rituais eram comum junto ao esconjuramento do número sete. Os rios Tigre e Eufrates eram locais sagrados ligados a esses ritos.

Se por acaso julgassem enfeitiçados, o processo era jogar água com que se lavavam , no rosto do feiticeiro. É curioso que esta forma de crença e superstição seja difundida na atualidade entre alguns bantos na África Setentrional, considerada por alguns geógrafos e especialistas como extensão do Oriente Médio.

Entre os árabes, as práticas mágicas sempre foram espalhadas. Na literatura popular, o conto de “As mil e uma noites”, retrata as alegorias empregada numa série de rituais e procedimentos mágicos.

Na atualidade a prática da magia e feitiçaria é proibida por Lei Religiosa. A posição do Islã sobre feitiçaria tanto para quem pratica a magia quanto para aquele que acredita na feitiçaria pode ser resumida em uma frase.  

Após a tomada muçulmana, a feitiçaria, que é conhecida em árabe como sihr , passou a ser conhecida como um dos truques que Satanás usa para desencaminhar a humanidadeSendo assim, é condenada em todos os países árabes e muçulmanos. Apesar da condenação a prática, os muçulmanos creem em anjos, gênios e demônios.


A MAGIA ENTRE OS HEBREUS

Os hebreus, desde a antiguidade sempre tiveram suas próprias tradições, mas tomaram muita coisas dos povos com os quais se relacionava. Pela leitura da Torah e outros livros apócrifos percebe-se claramente este aspecto sincretista.

Personagens tais como Moisés, Elias, Tobias e muitos outros profetas eram considerado Iniciados na Alta Magia. Moisés venceu os magos de faraó. Elias os profetas de Baal. Mas o cenário mais propício ao nosso argumento está no livro de Tobias, um livro deuterocanônico, de possível leituras nas Bíblias católicas romanas. Rejeitado como canônico pelos protestantes.

No Livro que conta a estória de duas famílias judaicas aparentadas deportadas em Nínive, na Mesopotâmia e em Ecbátana, na (Pérsia). Tobit, chefe da família de Nínive, fica cego e envia seu filho Tobias para buscar certa importância em dinheiro, guardada na casa de um amigo em uma cidade distante.

Durante a viagem, protegido pelo Arcanjo Rafael, Tobias encontra e casa-se com Sara, sua prima em Ecbátana atormentada por um demônio chamado Asmodeu, que anteriormente matara sete maridos de Sara na noite de núpcias antes mesmo que tivessem relações sexuais.

No retorno de Tobias, Tobit é curado. Segundo a lenda, Tobias empregou práticas e cerimônias mágicas para expulsar o demônio Asmodeus, que tomara posse do corpo de Sara.

Nessa cultura, o poder mágico era perpassado do mestre ao seu discípulo. Elias após encontrar seu sucessor Eliseu, cobre-o com seu manto, realizando assim o ritual tradicional mágico de transmissão de poder.



A MAGIA NO PAGANISMO GRECO-ROMANO



Quando falamos de magia nos impérios greco-romano, sabe-se que houve ocasiões muito parecidas coma atual. No mesmo caldeirão misturavam-se ignorantes, charlatães, feiticeiros, empíricos, magos, céticos, místicos e filósofos.

As lendas gregas não iam além de estórias veladas de magia, como as de Jasão e Apuleio, em “O asno de ouro”; Herácles, Ulisses, etc.Todas essas estórias faz-nos entrever algo da magia daquela época.

Em certos momentos, a magia chegou a ser considerada perigo social e houve sangrentas repressões, Milhares de tessalianos foram martirizados. Em 27 a.C., mandou queimar dois mil livros de magia, e Tibério 42 a.C, deportou para Sardenha, de uma só vez, 4.000 acusados de feitiçaria.

Em compensação, Roma teve seus primeiros tempos um rei Iniciado e cultor de magia: Numa Pompílio. De acordo com o historiador e filósofo Plutarco, Numa Pompílio, filho da Loba, foi o segundo imperador de Roma.

A tradição apresenta-o  como organizador de colégios sacerdotais (como o dos Flâmies ou o dos Sálicos), de cultos e de rituais, o que simboliza a instauração de uma observância escrupulosa das cerimônias religiosas públicas.

Foi um reformador religioso, o primeiro Pontifex Maximus, fundador de templos, como o de Jano (não se sabe se se trata deste mesmo deus, pois era dedicado a uma figura divina bifronte) ou o altar da Boa Fé (Fides). 

Lendas posteriores afirmam que era assistido pela ninfa Egéria e, apesar da cronologia convencional não o dar como humanamente possível, dão-no como discípulo de Pitágoras.


CONCLUSÃO PARTE I

Nosso objetivo é passar em revista a história da magia e mostra que ela passou por três fases, que correspondem a três atitudes fenomenológicas excepcionais: a credulidade supersticiosa, a negação sistemática de todos esses fenômenos e por fim, a integração dos mesmos a cientificidade, que é a orientação do ocultismo moderno. Mas essas duas fases, veremos nas próximas matérias.

Por fim, à luz de Levi Strauss, realizarei um breve resumo, mostrando a possibilidade da existências de fenômenos paranormais em certas ocasiões, e não como fundamento religioso.

 Fica comigo nessa densa e curiosa leitura!



Chris Viana
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** Este artigo foi solicitado em um fórum pelo amigo Aloísio Mascarantes há alguns anos. Como estudiosa de antropologia religiosa e pesquisadora de alguns povos africanos e orientais, ele me pediu que falasse um pouquinho de minha pesquisa. Certa de que o tempo existencial não foi favorável a sua apreciação em vida, dedico-lhe In memoriam.**



1  - De acordo com a Wikipédia - Enciclopédia On-line, o termo “exotérico", é antônimo de esotérico, apesar de ter a mesma pronúncia. Exotérico se refere ao ensinamento que era reservado aos discípulos completamente instruídos nas escolas filosóficas da Grécia antiga. Por extensão, esotérico se refere a todo ensinamento ministrado a círculo restrito e fechado de ouvintes.

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