Bullying Na Universidade - Estigma e Realidade - Relato de Uma Vítima no Curso de Psicologia


Bullying Na Universidade - Estigma e Realidade - Relato de Uma Vítima no Curso de Psicologia


Durante algum tempo eu considerei a pratica do Bullying como um fenômeno comum com demandas maiores em escolas fundamentais e de ensino médio, no caso do Brasil.
Mas nesse ano eu me deparei com uma realidade triste e cruel. Pra ser mais sincera desde meu ingresso na Faculdade, na qual sou graduanda em Psicologia, me deparei com situações constrangedoras que preferi na época classificar como "regionalismo", preferindo a melhor das hipóteses. Eu passei algum tempo no exterior conhecendo culturas e línguas. Sempre tive uma curiosidade enorme pelo conhecimento, porém nunca me vangloriei, o que não quer dizer, que mesmo sem pretensão acabamos nos destacando em um ou outro comentário, principalmente em sala de aula, onde a troca de conhecimento deveria ser tratada com esmero e não como disputa. Como uma amante do saber, procuro manter-me atualizada em diversas vertentes do conhecimento e a filosofia me atrai sobremaneira. O que não estou acostumada é com a forma em que tenho sido tratada - indiferença - sarcasmo - deboches e julgamentos em relação a minha forma de me expressar. Se temos direto à expressão e presamos pela singularidade do sujeito, do indivíduo, por que então criar paradigmas e centralizar o conhecimento a óptica do educador ou do currículo pedagógico local? Alegam que é padrão, mas mesmo a padronização do conhecimento é preconceituosa e pretensiosa. Todo ser humano pode expressar sua opinião, desde que não constranja, oprima ou violente outro ser. No primeiro semestre, não foram uma ou duas vezes que quase precisei pedir alguns "colegas" para se calarem, para que eu pudesse apresentar um trabalho solicitado por alguns professores. Como tenho duas graduações anteriores, minha redação é ampla e abrangente e procuro como já supracitei, tratar com atualização e contextualização minhas dissertações. Não há interesse em particular em "aparecer", "chamar atenção", "mostrar-me melhor que os professores", até por que não considero a sala de aula um "ringue", e se estou como aluna, considero então minha necessidade de aprender mais, caso contrario não estaria na posição onde estou. São fatores lógicos e simples, porém parece ausentar por parte de alguns educadores a maturidade para lidar com a presente situação. Em um desses momentos em que acabei de citar, a professora saiu da sala e deixou a situação á merce da confusão. Eu tentando explicar, acabei por aumentar a voz e disse: "Isso é regionalismo!!!!!!!" - o pior - alguém gritou: " O que é regionalismo?"  
Para que não me considerem arrogante, segundo site Wikipédia = Regionalismo é o conjunto das particularidades linguísticas de uma determinada região geográfica, decorrentes da cultura lá existente. Uma de suas principais expressões é o dialeto. Ou seja, "eles não entendem o que falo". Mas fato é, nem sempre ser passiva e disposta a deixar essas problemáticas pra lá, é o melhor remédio. Se em algum momento eu pensei que no semestre posterior as coisas seriam diferentes - pois é me enganei. Só pra incrementar a situação, eu compartilhei informações, pesquisas, arquivos, bibliografias com alguns professores, que inclusive se utilizaram dessas informações e atualizações, sem sequer fazer menção a minha atitude, e um deles, foi o motivo que me fez vir até a íntegra e denunciar. Motivo este que justifica a imagem que expus acima do texto. A impunidade tem que parar. As vantagens e agressões sobre os mais fracos, o preconceito e a injustiça precisam ser gritadas. No Brasil existem leis, a aplicação desses Leis é outra conversa. Segundo a OAB-SP: 

O bullying pode ocorrer de forma direta ou indireta.

Entende-se por bullying direto, aquele que é praticado diretamente pelo agressor em face da vítima, e geralmente é mais comum entre agressores dos sexo masculino. Segundo Silva (2010 - pg.22) pode ocorrer de modo verbal (insultar, ofender, xingar, fazer gozações, colocar apelidos pejorativos, fazer piadas ofensivas), físico (bater, chutar, espancar, roubar pertences), psíquico (irritar, humilhar, ridicularizar, ameaçar, chantagear, perseguir), sexual (abusar, violentar, assediar) ou virtual (ciberbullying – uso da Internet). Ana Beatriz Barbosa Silva. Por seu turno o bullying indireto, que em regra é mais praticado por pessoas do sexo feminino e por crianças menores e conforme Gabriel Chalita (2008 -pg.83) caracteriza-se basicamente por ações que levam a vítima ao isolamento social”, podendo ocorrer por forma de insinuações, difamações, boatos cruéis, intrigas, fofocas, ironias, desprezo, etc. Antes da internet fazer parte do nosso cotidiano, o bullying se limitava ao ambiente escolar, e as conseqüências eram menos danosas, como mencionado por Beatriz Santomauro (2010 - pg.69) "bastava sair da escola e estar com os amigos de verdade para se sentir seguro”.
Com a facilidade de acesso à internet, a prática do bullying foi aperfeiçoada freqüentes se tornaram os casos do ciberbullying, onde a vítima é atacada através de sites de relacionamentos, como por exemplo o orkut, facebook e Wathsapp muitas vezes sequer consegue identificar quem é o agressor, que pode utilizar expedientes ardilosos para não se identificar, conforme explicado por Beatriz Santomauro (ibdem) “é a possibilidade de o agressor agir na sombra. Ele pode criar um perfil falso no Face ou uma conta fictícia de e-mail (ou ainda roubar a senha de outra pessoa) para mandar seus recados maldosos e desaforados...”.  Através da prática do ciberbullying a vítima, não ficará exposta apenas para um grupo limitado (dentro do ambiente escolar), mas será agredida e humilhada perante centenas de pessoas, que por exemplo, poderão receber mensagens pelo correio eletrônico ou visualizar uma fotografia publicada na rede mundial de computadores e com isso o dano será intensificado. Na prática do bullying, três são os agentes presentes, o agressor, a vítima e os espectadores, sendo que há situações onde o sujeito é ao mesmo tempo vítima e agressor. A vítima em regra é o sujeito do grupo que possui pouca habilidade social (tem poucos amigos, é quieto e não reage efetivamente ao ataque sofrido), o sujeito que apresenta fragilidade física, o sujeito que tem dificuldade de se impor perante o grupo, o sujeito que não tem habilidade esportiva, ou ainda o sujeito que não se enquadra dentro do padrão esperado pelo grupo (ou por se vestir de maneira diferente, ou por ser gordo, ou por usar óculos com lente grossa, por sofrer de gagueira, por ter sotaque diferente). Em regra são pessoas sem esperança quanto às possibilidades de se adequarem ao grupo. Importante destacar, que a descrição da vítima em potencial feita no parágrafo acima, não se aplica quando o educador é vítima do bullying, que passa a ser vítima dombullying quando não possuem habilidade para lidar com os discentes, não usando corretamente a autoridade que lhe é atribuída e esperada ou quando se deparam com jovens transgressores por natureza, ou nas palavras de Ana Beatriz Barbosa Silva “de jovens que tem a transgressão pessoal e social como base estrutural de sua personalidade”. 
O agressor em regra é o sujeito que tem necessidade de aparecer, de liderar e utilização a força física ou o assédio psicológico para se imporem como líderes. Comumente não tem uma boa estrutura familiar, onde há tolerância e às vezes até estimulo para a prática de comportamento agressivo como forma de solução de conflitos.
Nesse ponto, oportuno destacar que o quando o bullying é praticado no ambiente virtual (ciberbullying), o agressor não se enquadra necessariamente no perfil descrito no parágrafo anterior, pois citando Beatriz Santomauro “para agredir de forma virtual, não é necessário ser o mais forte, pertencer a um grupo ou ter coragem de se manifestar em público, no pátio da escola ou na classe. Basta ter acesso a um celular ou à internet.”Já espectador é o sujeito que assiste a dinâmica da violência, optando pela omissão, sem interferir, sem participar, mas também sem auxiliar a vítima, convivendo com a situação muitas vezes por medo de serem a próxima vítima. Por seu turno, a vítima-agressor, é aquele que sofre o bullying e pelo fato de ser vítima, elege outra pessoa, em regra alguém menor, para agredir, fazendo com que obullying se propague ainda mais."
Estudos da Pesquisadora e Especialista em Inspeção Escolar pela FINON, em Docência Universitária pela UNIUBE, em Psicopedagogia Institucional pela UCB e Graduada em Pedagogia com Supervisão Escolar pelo CESUBE, Angela Adriana, revelam estatísticas e informações dignas de uma revisão comportamental e aplicação pedagógica. Ela escreve em seu site: www.angelaadriana.com.br com publicação em link: www.mundofilosofico.com.br:
 "Interferências do Bullying na Universidade - Este grave problema social também atinge o ensino superior, exigindo de seus docentes certas reflexões e ações. Os campos da educação superior ignoram uma grande massa da população, tanto por omissão quanto pela ação” (BUARQUE, 2003, p.14). Esta omissão do professor e da maioria das Instituições de ensino superior tem contribuído para que o Bullying se alastre rapidamente, comprometendo o nível de desenvolvimento dos estudantes."


O trote universitário, por exemplo, é uma forma de Bullying, em que a vítima pode ou não tolerá-lo, e muitas vezes o faz para não ficar antipatizado pelo grupo. Alguns alunos chegam até a abandonar os estudos devido a bárbarie dos trotes realizados. Neste sentido pode-se afirmar que a evasão escolar é uma conseqüência do Bullying.
Atitudes abusivas por parte de professores, que utilizam o recurso “avaliação” para punir aqueles que pensam ou agem de forma diferente da imposta, devem dar lugar a avaliações significativas com o objetivo de reestruturar o planejamento das aulas, alterar a metodologia e até a postura do professor e, jamais como opressão ao aluno.

São comuns as situações em que estudantes de Cursos de Medicina, Direito, Odontologia e Engenharia discriminam cursistas de outras áreas. Neste caso, cabe ao professor intervir diretamente sobre estes grupos, lembrando-lhes sobre a importância de cada profissional na sociedade e estimulando a valorização do humano. Negligências neste sentido têm causado tragédias em vários países. Em 2007, um jovem estudante de 23 anos, aluno do último ano do curso de Letras, invadiu a Universidade Virgínia Tech, nos EUA. No Campus, ele se dirigiu à residência estudantil e abriu fogo, matando 2 estudantes. Em seguida, caminhou até o prédio da Faculdade de Engenharia e atirou na cabeça de um professor, partindo depois para os alunos, matando 32 e ferindo 29 pessoas, suicidando em seguida.

A xenofobia e o racismo presentes em várias instituições merecem uma atenção especial dos docentes. No Brasil em 2007, supostos vândalos atearam fogo à porta do alojamento de quatro alunos africanos na Casa do Estudante Universitário (CEU), na Universidade de Brasília (UnB).


São comuns também, os casos de cursistas serem vítimas deste fenômeno em relação às pressões psicológicas sofridas quanto aos trabalhos científicos, atitudes arrogantes e falta de apoio dos orientadores - principalmente por diversidades ideológicas - e toda a intimidação causada pela banca examinadora dos Trabalhos Científicos. A utilização de materiais que elevem a autoestima dos candidatos, precedendo as apresentações de TCCs, contribui muito para que eles possam realizar uma boa socialização. Ainda em relação aos TCCs, o Bullying muitas vezes acaba travando a produção intelectual do pesquisador, impedindo-o de expor suas idéias, ler obras de determinado autor ou citar determinados pensamentos, comprovando sua condição de vítima. “Uma dessas pessoas desmedidas e raivosas proibiu certa vez estudante que trabalhava dissertação sobre alfabetização e cidadania que me lesse. ‘Já era’”. (FREIRE, 2007, p.35).


A marginalização social dentro da Universidade é uma característica comum nas vítimas do fenômeno que está intimamente ligado a posições desiguais de poder e apresentam conseqüências para além das instituições em questão, se estendendo por toda a sociedade.


 Bullying e a metodologia do docente universitário em sala de aula. 

O professor deve saber reconhecer um estudante que sofreu ou sofre algum tipo de Bullying. O docente deverá observar os seus alunos, dedicando atenção especial àqueles que apresentarem qualquer característica que indique repressão e estabelecer um laço de afetividade com eles. A utilização de dinâmicas que abordem regras de convivência e respeito, envolvendo momentos reflexivos, ajuda muito quando o caso é diagnosticado no início. Uma habilidade que o docente deve desenvolver antes de qualquer ação é o ouvir ativo, captando o que há por trás da fala e o que o corpo do aluno está revelando. Souza (2002) faz o seguinte comentário sobre o ouvir ativo:

O processo de decodificação dos sentimentos na fala do aluno é crítico no processo de ouvir ativo. O ouvir ativo não é uma mágica, algo que o professor tira do chapéu – é um método específico para colocar em prática um conjunto de atitudes em relação ao aluno, a seus problemas e a seu papel como facilitador. (SOUZA, 2002, p. 68 e 69)


Ao ouvir ativamente seu aluno o professor poderá perceber que no âmbito da saúde física emocional há uma queda na resistência imunológica da vítima. Nestas situações, além de adequações metodológicas, o docente poderá sugerir que o aluno procure ajuda médica especializada.


O renomado educador Paulo Freire deixou em seu legado, inúmeras reflexões sobre atitudes opressivas. Ao lutar por uma mudança radical na educação, Freire acreditava que todos os cidadãos são iguais, tem direito de ir e vir, de pensar devem respeitados e ter criticidade suficiente para discernirem o certo e o errado e conhecer seus direitos. Portanto, um universitário tendo, que se tornar uma marionete de seus colegas ou do sistema educacional repressor, pode se revoltar invadir a universidade e cometer atos de violência contra seus opressores sejam eles quem for.

Diante de tal situação se torna necessária uma intervenção direta sobre este tema de preocupação mundial. Mudar a cultura perversa da humilhação e da perseguição no ambiente de aprendizagem, está ao alcance de todo profissional envolvido na educação. A complexidade do tema exige que o docente busque informações em todos os aspectos, a fim de esclarecer o assunto aos alunos. Os trabalhos envolvendo esta temática devem ser realizados por toda a equipe docente e para tal, a interdisciplinaridade é uma forte aliada no processo de conscientização dos estudantes.

Em reuniões pedagógicas o assunto deve merecer atenção especial, os docentes relatam incidentes ocorridos em classe e como fizeram as intervenções e também solicitam à Instituição, que ofereça palestras, mesas redondas, cursos de extensão e Especialização sobre o Bullying.

Como o Bullying também acontece de forma virtual é necessário que os professores mantenham diálogo reflexivo constante com a turma, visando alcançar a criticidade dos alunos sobre jogos, sites de relacionamentos, e-mails, e diversas outras formas de se agredir ou ser agredido virtualmente.
Um Programa de conscientização e combate ao racismo e a Xenofobia Institucional, evitará atitudes preconceituosas, mesmo que não intencionais. Este trabalho poderá ser realizado com filmes, textos, reportagens, etc.
Abolir definitivamente o trote abusivo, através da conscientização dos alunos e de sugestões de trotes solidários, enfatizando uma recepção amigável aos novatos.
Respeitar a individualidade, o próprio pensamento e a liberdade de expressão, valorizando sua cultura e seu tempo-espaço de cada aluno.


Cury faz a seguinte reflexão sobre uma forma revolucionária de educar:


Bons professores educam para uma profissão, professores fascinantes educam para a vida. Professores fascinantes são profissionais revolucionários. Eles mudam paradigmas, transformam o destino de um povo e um sistema social sem armas, tão somente por prepararem seus alunos para a vida através do espetáculo de idéias. (CURY, 2003 p. 79).

Educar para uma vida mais humana, em que o cidadão reconheça seu lugar e valor na sociedade, não é tarefa para um dia e tão pouco para um conteúdo específico... É responsabilidade de todos que se intitulam seres humanos e, principalmente, professores. Enquanto a docência não assumir seu papel de educar para a vida, problemas sociais graves como o Bullying, continuarão a tirar a tranqüilidade e a vida de nossos jovens."

Cury explana corretamente minha indignação e vergonha ao narrar o papel do professor a qual me refiro. Eu em particular, nesse último semestre, passei por momentos muito difíceis. Em tratamento no INCA do Rio de Janeiro, me deslocando mensalmente 730 km, para exames ( que Graças ao Bom D'us me trouxeram ótimas notícias!!), estive ausente grande parte dos bimestres. Mas sempre entregando meus trabalhos em dia, participando das atividades extraclasses e seminários. 

Mas na ocasião do T.I ( trabalhos interdisciplinares - o que justificam serem em grupo por motivo de interação - o que não ocorre, pois dissimula a típica "panelinha grupal" e estimula o preconceito e racismo. Sou da opinião que nota é individual, pois o aprendizado é individual. Acho esse lance de trabalho grupo injusto e não aprovo mesmo a idéia. Sempre alguém sai no lucro as custas do prejuízo de alguém). No entanto, em relação ao meu caso, mesmo estando fora, tive total participação no trabalho escrito, porém a ideia da "interação" - no caso do T.I. a apresentação do mesmo, se daria em uma apresentação teatral, que estava mais que atrasada a sua elaboração. Como tenho grande experiência no palco e roteiros, fiz uma proposta mais objetiva, já que não teria tempo para estar com eles devido as viagens. Não houve interesse e levaram para o lado pessoal, achando que eu "queria ser melhor que eles". Minhas opiniões passaram a ser rejeitadas com escárnios e deboches por algumas colegas, e formou-se um grupo elaborando uma "teoria da conspiração da christianne". O pior, os orientadores do T.I, um psicólogo mestre em Psicologia Social, e outro Doutor em Psicologia Comportamental, tomaram as "dores da turma" que até então passou a ser vítima da minha "rejeição" em não participar dos ensaios e ter firme minha opinião quanto a elaboração de um roteiro "do meu jeito". Mais uma vez o diálogo fora por água abaixo. Até falando Kikongo sou mais compreendida. Tenho um método diferenciado e gosto das coisas seguindo um determinado ritmo,  mas fato é, cheguei a comentar com a colega líder que o melhor a fazer, era me retirar, pois estava "improdutiva" devido as medicações e a cirurgia que havia sido submetida. Eu tinha a ideia mas não tinha a disposição. Resultado, a grande maioria acreditou que eu estava "agourando", "burlando" o tal teatro e o pior torcendo para dar "tudo errado". De onde tiraram essa ideia, de onde os "sociais" e "comportamentais" tiraram essa conclusão, me deixou na dúvida quanto a escolha da minha futura profissão. Como poderiam deduzir, concluir e divulgar tal calúnia? Nunca fui perguntada, e quando procurei um dos orientadores para conversar, me ignorou sem compaixão. Mas o pior ainda estar por vir. No dia da apresentação, eu estava havia passado a noite em claro com febre e me esqueci completamente do evento. Como não ia participar da mesma, acho que ajudou a esquecer ainda mais a situação. Fui para a faculdade para pegar uma prova, e uma professora me alertou sobre o teatro. Levei um susto, corri para o auditório e como já estava no final, só me restava aplaudir e parabenizar meus colegas. Apesar de tudo aprendi usar o bom senso e educação. Quando fui nos bastidores pedir perdão pelo atraso, começou a zombaria: "Agora que deu certo ela quer chegar?"...

Quando sai do auditório alguns estavam gargalhando: "Chupa christianne!!!"""" - eu não entendia a zombaria...Foi quando um colega me contou que quando eu fui cumprimentar os colegas nos bastidores, um dos professores, mandou pelo whatsapp a mensagem para a líder que repassou sem dó o tal insulto. Sendo internetês, brincadeiras, zoação, seja lá o que for, fato é: fui humilhada, ofendida, acusada levianamente de desejar mal, boicotar, uma coisa que eu nem sabia. Essa zombaria me fez desmaiar, passar dia acamada e virar piada na boca dos colegas. Sabe pior ainda? Nenhum desses mestres, doutores, psicólogos vieram conversar comigo, perguntar-me se algo estava acontecendo. Quando procurei a coordenação foram indiferente, chegaram a "sugerir" que eu estava exagerando e equivocada: "Um mestre não faria isso!". Mas não é o que vemos nas reportagens, denuncias e na mídia. Muitos se suicidam, matam, fazem loucuras... O pior que transformação estão fazendo? Destruindo caráteres? 

Depois de sair do hospital, fui a té a faculdade e chamei o professor autor do Bullying para uma explicação. Apesar da relutância ele veio e assumiu a autoria da "brincadeira" e disse que não esperava tal "repercussão" de se tratar essa de uma "mensagem pessoal" com "amiga". O que ele não me explicou foi  a partir de que lógica ele chegou a conclusão que eu queria 'prejudicar" o Teatro, e a partir de que fundamentos fez tal acusações, isso pra não dizer que o diálogo só se deu após eu falar acerca da minha denuncia ao CFP. O outro professor, deixo ele mesmo encarregado a suas ações, já que tem criado muita animosidade na íntegra devido ao seu posicionamento. Também não fui direcionada por ele. Mas eu não poderia me calar. Não são apenas os obesos, negros, homossexuais, judeus que sofrem a violência. Hoje, ter opinião própria, caráter, beleza, inteligencia parece soar como uma doença, que precisamos de todos os "modos" retirar dos meios "ameaçados". Mas o que é realmente a ameaça?

Mas um semestre se inicia. Creio que jamais será a mesma coisa. Como olharei para os autores desse bullying e os admirarei? Como os respeitarei?


Quanto mais rápido o Bullying for reconhecido como o grave problema que é, mais chances poderão surgir para combater este quadro horrível em que se encontram os envolvidos neste fenômeno. É necessário que todos envolvidos com a Educação se conscientizem sobre a gravidade do problema e elaborem um Plano de ação a ser desenvolvido no ambiente escolar. Criar uma cultura anti-bullying deve ser responsabilidade de todo cidadão. Ações que despertem os alunos para o respeito, amor, companheirismo, ética, criticidade, compreensão, amizade, valores humanos, harmonia, sabedoria, e tantas outras virtudes - que atualmente se encontram totalmente desvinculadas dos conteúdos escolares - têm que ser levadas diariamente ao ambiente educacional. Estas mesmas ações devem ser desenvolvidas entre os docentes, visando amenizar o abuso de poder muitas vezes causado pelos títulos de professor, especialista, mestre ou doutor, que acaba oprimindo o aluno.

Casos envolvendo racismo também levam os universitários a praticarem Bullying. No Brasil, em 2007, supostos vândalos atearam fogo à porta do alojamento de quatro alunos africanos na Casa do Estudante Universitário (CEU), na Universidade de Brasília (UnB).  Universitários bolsistas também são vítimas de constantes discriminações em Universidades. Ainda no âmbito do ensino superior, são comuns casos de graduandos e pós graduandos, mestrandos ou doutorandos serem vítimas de pressões psicológicas sofridas quanto à data de entrega de trabalhos, falta de dinheiro para dar continuidade à pesquisa, atitudes arrogantes e faltas de apoio de orientadores e ainda toda a intimidação causada por certas bancas examinadoras de trabalhos científicos. A prática do Bullying acaba travando a produção intelectual do pesquisador, impedindo-o de pensar por si mesmo e agravando sua condição de vítima. O renomado educador Paulo Freire deixou em seu legado , inúmeras reflexões sobre atitudes opressivas, em especial na obra  "Pedagogia do Oprimido" destaca bem as consequências sofridas por um estudante, impedido de pensar por si mesmo e tendo que se enquadrar em um ensino, cujo único objetivo é de atender as necessidades do sistema Capitalista. Alienação também é uma forma de Bullying, pois oprime e obriga a vítima a agir de acordo com os interesses dos dominantes, tornando-a cada vez mais incapacitada para lutar por seus direitos. Um universitário nestas condições tendo que se abdicar de suas convicções, de sua cultura e se tornar uma marionete do sistema educacional repressor, pode deixar sua condição de vítima e se revelar um agressor - invadir a universidade e cometer atos de violência incalculáveis. Embora as formações escolares não consigam mudar a estrutura psiquíca do tipo perversa, devem trabalhar com empatia para promover cidadãos justos, capazes de respeitar os outros, reconhecer seus direitos e deveres, conviver bem em grupo, num contexto  interdisciplinar e multiprofissional. A educação do século XXI não pode se manter passiva diante deste fenômeno avassalador que compromete o presente e o futuro de nossa sociedade, apresentando consequências para além do imaginável.
Ouvir um aluno em suas queixas ou particularidades pode identificar vítimas, agressores, evitar que o fenômeno se torne um círculo vicioso e, conseqüentemente, preservar a vida de jovens estudantes que certamente serão protagonistas de uma realidade bem diferente da que o Bullying reserva aos seus praticantes e envolvidos.
Mas eu quero fazer a diferença. A Psicologia em si, não é a vilã. Por isso vou seguir este caminho, fazendo alguma diferença, mas botando a boca no trombone e arrancando a Mordaça!!!!

Concluo com a Opinião da OAB- SP:

"Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL: 
"Com base no texto supra transcrito, podemos afirmar que a sociedade deve enfrentar com seriedade a questão do bullying, com o intuito de eliminá-lo do cenário escolar. Certamente a tarefa é árdua, porém não é impossível se houver comprometimento das escolas, da família, dos educadores, dos alunos, pois como diz Gabriel Chalita ninguém gosta de viver a violência, nem como professor, nem como aluno, nem como vítima, nem como agressor, tampouco como testemunha de atos desumanos”.
Diante do bullying o importante é que ocorra ação, vez que a omissão é danosa para todos atores do fato, danosa a vítima que carregará as lembranças das humilhações, danosa para o agressor que inadvertidamente acreditará que seus atos são aceitos pela sociedade, danosa para as instituições de ensino que não cumprirá integralmente a sua missão em educar, danosa para a sociedade que conviverá com pessoas com distorcida formação moral.
Concluímos que na prática do bullying, a vítima deverá buscar através do poder Judiciário a reparação do dano que sofreu, e devidamente provados os danos, a responsabilização e condenação do agressor e demais responsáveis terá a função pedagógica para advertir o agressor e os demais responsáveis (a instituição de ensino, quando for omissa, por exemplo), de que não se aceita o comportamento por assumido, e certamente com a efetiva reparação, o Judiciário contribuirá para a redução da prática do bullying."
Fui prometida ser ressarcida moralmente pelo professor que me ocasionou esse mal estar e vergonha, a partir de um debate público, na qual ele assumirá o dano e aproveitará para discutir o assunto em sala de aula. O próximo semestre nos mostrará o resultado. Me expus com único objetivo evitar outras situações como esta e promover a moral e justiça.

NÃO DEIXEM QUE TE COLOQUEM A MORDAÇA! DENUNCIEM!!!!!

A ESPERA DE UM MUNDO MAIS DIGNO E JUSTO!


Christianne Thomes Viana©


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