Cecília Meireles – Ser Criança
Cecília Meireles – Ser Criança
“Isto de ser criança é mesmo uma coisa, às vezes, muito triste.(…)"
A criança tiranizada, que não se pode mover, nem brincar, nem agir, nem falar senão a certas horas, em momentos determinados, quando tem ordem dos pais, é (…) uma candidata a timidez, ao fracasso moral e material (…).
A criança bajulada que ensaia e exerce a sua tirania sobre a família, para mais tarde a ensaiar e a exercer sobre a humanidade é um fenômeno que se poderia dizer o reverso do anterior. Ela provém desses meios de débil organização, que, por capricho, por uma vaidade qualquer, por uma defeituosa compreensão da finalidade educacional, e dos seus processos, colocam aos pés da criança todas as adulações, todos os mimos, por inacreditáveis e ridículos que sejam, formando-lhes assim uma almazinha de régulo, que quer, mais tarde, pairar sobre a vida, derramando seus mais absurdos poderes, sem outros intuitos que o de se sentir obedecida ou temida.
(…)e esses dois maus caminhos para a educação da infância, o caminho certo espera que os pais o descubram e o percorram.
Ele é um caminho harmonioso, que não diminui a personalidade em formação, mas também não a exagera, – o que seria igualmente nocivo. Por esse caminho não vêm nem déspotas, nem escravos. Vêm criaturas humanas, com todas as suas qualidades elevadas ao máximo, e os seus defeitos reduzidos ao mínimo.”
MEIRELES, Cecília, Crônicas de Educação
Cecília Meireles (Rio de Janeiro, 7/11/1901 – Rio de Janeiro, 9/11/1964)
Poetisa, professora e jornalista, fundadora da 1.ª Biblioteca Infantil do Rio de Janeiro.
“Isto de ser criança é mesmo uma coisa, às vezes, muito triste.(…)"
A criança bajulada que ensaia e exerce a sua tirania sobre a família, para mais tarde a ensaiar e a exercer sobre a humanidade é um fenômeno que se poderia dizer o reverso do anterior. Ela provém desses meios de débil organização, que, por capricho, por uma vaidade qualquer, por uma defeituosa compreensão da finalidade educacional, e dos seus processos, colocam aos pés da criança todas as adulações, todos os mimos, por inacreditáveis e ridículos que sejam, formando-lhes assim uma almazinha de régulo, que quer, mais tarde, pairar sobre a vida, derramando seus mais absurdos poderes, sem outros intuitos que o de se sentir obedecida ou temida.
(…)e esses dois maus caminhos para a educação da infância, o caminho certo espera que os pais o descubram e o percorram.
Ele é um caminho harmonioso, que não diminui a personalidade em formação, mas também não a exagera, – o que seria igualmente nocivo. Por esse caminho não vêm nem déspotas, nem escravos. Vêm criaturas humanas, com todas as suas qualidades elevadas ao máximo, e os seus defeitos reduzidos ao mínimo.”
MEIRELES, Cecília, Crônicas de Educação
Cecília Meireles (Rio de Janeiro, 7/11/1901 – Rio de Janeiro, 9/11/1964)
Poetisa, professora e jornalista, fundadora da 1.ª Biblioteca Infantil do Rio de Janeiro.
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